Mercedes e as “Pritschenwagen”: uma história mais longa que o esperado!

23/10/2016 1 Por Autoblogue
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Ontem o Carblog recordou as origens das “pick-up” da Mercedes, dizendo que a 220D Pick-Up tinha sido a primeira, tomando como base uma informação da marca alemã na sua página oficial do Twitter. Como sempre fazemos, pesquisámos e descobrimos a raiz deste modelo. Publicámos a história e divulgamo-la na nossa página do Facebook e do Twitter (CarblogOficial e carblogPT) e, para nosso espanto, afinal a história da Mercedes com as “pick-up” é bem mais extensa e detalhada. Vamos aqui contá-la, agradecendo ao nosso leitor José António Braga pela sua colaboração na pesquisa de mais informação.

Recuando até 2013, era na altura responsável pela Mercedes na Argentina, Roland Zey tinha o desejo de fazer regressar o símbolo da estrela de três pontas à grelha de uma “pick-up”. Quando a notícia surgiu pela primeira vez no “Wall Stret Journal” e na edição americana da revista “Car and Driver” e imediatamente difundida em todos os meios de comunicação dedicados ao automóvel, a maioria referiu ser esta a primeira incursão da Mercedes neste universo. Zey, na altura da divulgação da notícia, responsável pelo departamento de pesquisa e desenvolvimento de rede da Mercedes, terá sorrido. Primeiro porque viu o seu desejo tornar-se realidade. Depois, porque a história da Mercedes no segmento é bem mais rica do que o esperado.

Mercedes Pritschenwagen: tudo começou com a 170V (W136)

A primeira “Pritschenwagen”, nome alemão para “pick-up” nasceu no pós-guerra como uma versão comercial do Mercedes 170 V (W136). A fábrica de Sindelfingen tinha sido bastante afetada com os bombardeamentos aliados, mas a felicidade de estar situada numa zona que se manteve no controlo dos aliados americanos (as restantes da BMW, Adler e da Ford estavam do lado soviético), permitiu-lhe retomar a produção pouco depois do final da guerra, em maio de 1946.

O 170 V tinha versões de 2 e 4 portas e um descapotável, espraiando-se, depois, por várias opções. Entre elas uma variante comercial que podia ser fechada ou aberta… como uma Pritschenwagen! Foram produzidas 1098 unidades deste modelo entre 1946 e 1949, sendo que a polícia reservou para si 440 carros. Com um desenho simples e uma caixa de carga pequena que aceitava 750 kgs de carga, este modelo feito com base no W136 tinha um motor de 4 cilindros e 1.7 litros com 38 CV com uma caixa manual de… seis velocidades!

mercedes-benz-170-sd-pick-upA mesma plataforma do W136 acabou por servir para realizar outros projetos, mais ousados e que serviram para contornar algumas leis. Alguns países acederam à marca Mercedes através de “pick-up” construídas localmente. Países como a Austrália, Nova Zelândia, Argentina e países africanos, foram dos maiores impulsionadores da produção destas carrinhas localmente. Isto porque era a única forma de contornar as leis restritivas de importação de veículos.

 

A Mercedes Benz Argentina foi fundada em 1951 e fabricou “pick-up” baseadas no 170D W136 até 1955, altura em que a Revolução decidiu tomar conta da empresa. Mas a história mais deliciosa aconteceu na África do Sul. A lei da época era bastante estrita no que toca a modelos de passageiros, mais liberal com os modelos comerciais. Juntou-se a vontade dos alemães em vender mais carros e dos sul africanos em ter mais carros novos nas suas pobres estradas e nasceu a solução perfeita.

 

A Mercedes na África do Sul, segundo um projeto de Heinz Grossman, decidiu importar apenas a frente do 170D/SD e fazia o resto do carro localmente. Ficava muito mais barato e cumpria com as quotas de incorporação local. Este esquema durou até metade da década de 50.

 

mercedes-benz-ponton-pick-upMercedes W120 “Ponton”

Depois do 170 nas suas várias versões, surgiu o “Pritschenwagen” feito com base no famoso W120/W121 Ponton, ou como os portugueses conheceram devido aos Táxi, o “Matateu”. Duas versões foram feitas: uma desenhada pelo alemão Binz que já tinha feito outras conversões como ambulâncias, outra elaborada pelos importadores sul americanos. As diferenças eram mínimas como a separação entre a cabina e a caixa de carga ou a posição da roda suplente.

Segundo registos da Mercedes, foram produzidas 1098 unidades 180 W120 (entre 1955 e 1962), 2439 unidades a partir do 180D no mesmo período e 136 exemplares do 190D entre 1958 e 1961. As variantes diesel eram as mais populares.

d8410eac754dt220 D: a última “pick-up” da Mercedes

Porque o governo argentino impedia importar carro de passageiros terminados, só às peças que depois permitissem montar o automóvel com mão de obra local. Assim, a Mercedes Benz Argentina decidiu importar 1044 chassis do 220D W115, com as portas e outros componentes em separado.

O modelo tomava forma graças à “El Detalle”. A escolha não era inocente. Esta era uma empresa que estava habituada a construir autocarros sobre chassis… Mercedes. Foi então esta empresa de Santa Fé que transformava os 220D em “pick-up” com cabine simples ou dupla. O motor era o OM615 com 2,2 litros e 60 CV acoplado a uma caixa manual de 4 velocidades. Podia transportar até 650 quilos de carga. Apareceu no filme “Milionários à Força” estreado em 1979.

 

Para quem desejar saber mais da história dos modelos “pick-up” da Mercedes, podem consultar os sítios de internet clicando nos seguintes links Mercedes Ponton, ensaio ao Mercedes 170Da W126, o sítio Coche Argentino ou o Cuyomotor .

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