Ensaio Renault Megane Sport Tourer 1.6 dCi: candidato a líder!
07/11/2016A quarta geração da carrinha Megane não vem revolucionar o segmento, mas destaca-se de forma clara dos adversários no que toca à habitabilidade, pela bagageira e a forma como a podemos utilizar e também pelas novidades que oferece ao segmento. Uma excelente evolução face ao anterior modelo que projeta a Renault para voos mais altos e, provavelmente, à liderança do segmento.
Que diferente está a Renault! Anos a fio a experimentar coisas diferentes, a fazer enorme esforço para vender carros que não tinha estilo sedutor e soluções menos interessantes que a concorrência, deram lugar a uma era diferente. A quarta geração do Megane é o espelho disso mesmo!
O Megane evoluiu tanto que a casa francesa se deu ao luxo de dispensar as carroçarias de três portas e o descapotável. É verdade que pouco se vendem, mas isso acontece desde a primeira geração e não foi por isso que tinham sido eliminadas. Felizmente, apesar do sub-segmento das carrinhas estar a empalidecer a cada ano, a Renault percebeu que não podia renovar o Megane sem lhe oferecer uma carrinha.
“A carrinha Megane teve forte contributo dos concessionários portugueses, dai ser conhecida internamente como a ‘carrinha portuguesa'”
E isso ficou claro desde o primeiro momento, pois ao contrário do que sucedeu anteriormente, este Megane Sport Tourer foi desenvolvido paralelamente à versão berina. E como a Renault decidiu escutar a voz de quem vende os seus carros, ou seja, os homens e mulheres que lidam com os clientes, a carrinha do Megane tem muitas soluções e ideias “oferecidas” pelos concessionários. E aqui há que destacar o forte contributo dos portugueses para a definição final da carrinha Megane, de tal forma que é conhecida internamente como a “carrinha portuguesa”.
Desenho inspirado
Mantendo a linguagem de estilo criada por Laurens van der Acker, a carrinha Megane consegue ter elegância suficiente para nos fazer olhar para ela e gostar. Os pormenores da dianteira são idênticos aos do carro, e tudo é igual até à porta traseira. Dai para trás tudo é diferente e bem feito, elegante e sedutor. A carrinha consegue, mesmo, ser mais sedutora que a berlina de cinco portas, o que é um belo cartão de visita.
A face pragmática da Renault não deixou de estar patente na Sport Tourer e porque a necessidade de oferecer um carro bonito, mas funcional, fazia parte do caderno de encargos, a solução foi simples. Alongou-se a distancia entre eixos 40 mm e o tamanho total do carro até aos 4,63 metros, nada menos que 27 cm que a berlina de cinco portas. Os primeiros foram todos oferecidos aos passageiros do banco traseiro, os restantes para a bagageira. Desta forma, o desenho continuou a ser sedutor, mas quem precisa, quer ou apenas sente conforto por dizer que tem uma carrinha grande, não se pode queixar muito da bagageira.
Contas feitas, são 521 litros que podem chegar aos 1504 litros, valores que não são brilhantes e que colocam a Megane Sport Tourer fica na parte inferior da média do segmento. Mesmo assim, não serão os 80 litros menos que um dos seus maiores rivais, o Peugeot 308 SW (com 660 litros de capacidade) a estragar a opinião positiva sobre o Megane Sport Tourer.
Até porque a bagageira do Megane possui algumas astúcias interessantes. Sendo verdade que o sistema de rebatimento é simples e prático, também é verdade que o plano deixado pelos bancos rebatidos está longe de ser… plano, não tem interrupção a meio, mas o piso ainda fica bastante inclinado. Não é grave e é plenamente olvidado pela praticabilidade da forma como rebatemos os bancos e pelo fundo falso da bagageira. Onde podemos arrumar a chapeleira e mais alguns items. Nas laterais, dois pequenos compartimentos podem albergar documentos ou pequenas coisas.
Os passageiros do banco traseiro são beneficiados face à berlina, pois estão mais à vontade e mais cómodos. No primeiro caso devido ao espaço para arrumar as pernas, maior, no segundo caso porque as costas do banco estão ligeiramente mais inclinadas (não é preciso ganhar mais espaço na mala…) e o assento mais bem desenhado e espaçoso. Um pormenor que faz toda a diferença no que toca às viagens de quem segue atrás. E neste particular, o Megane Sport Tourer é muito confortável.
O resto do interior é exatamente igual à berlina. Quer isto dizer que partilha os mesmos instrumentos, os mesmos bancos dianteiros e até os mesmos equipamentos, tal como a qualidade de construção e de materiais – com um ou outro plástico menos bem conseguido – até aos bancos traseiros. A partir dai, existem as alterações que acima referimos.
Motor suficiente!
Na casa das máquinas, nenhuma novidade, apenas o motor 1.6 dCI com 130 CV já conhecido da gama Renault. Acoplado a uma caixa de seis velocidades, manteve elevado o plano de suavidade de utilização e conforto, sendo uma carrinha que mais parece pertencer ao segmento superior. Na versão GT line ensaiada, temos direito ao topo de equipamento, pelo que tudo, ou quase é oferecido de série.
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É verdade que as versões menos potentes do Megane Sport Tourer não têm direito ao sistema 4Control (só disponível no Megane Sport Tourer GT a gasolina e no modelo diesel biturbo com 160 CV), mas mesmo assim a carrinha mostrou-se muito eficaz. O chassis é excelente e a regulação das suspensões permite um bom equilíbrio entre comportamento e conforto. Graças à distância entre eixos majorada, a estabilidade é ligeiramente melhor que na berlina e permite algumas “aventuras” mesmo que a direção não tenha sensibilidade e nem sempre se perceba o que estão a fazer as rodas dianteiras.
Mesmo assim, um comportamento excelente que vai bem além do necessário para um carro familiar e um ambiente a bordo acolhedor e com conforto assinalável.
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Veredicto
A Renault quis escutar quem melhor conhece os seus clientes e soube renovar o modelo mais vendido da sua gama, apontando aos problemas maiores das anteriores gerações. O resultado é um carro bem acabado, bem concebido, com qualidade acima do habitual na marca, com espaço suficiente e um fator de sedução que, na minha opinião, permite que a Renault não tenha de se esforçar muito para conduzir o Megane Sport Tourer ao topo das vendas e do segmento. Não é uma carrinha perfeita, mas é homogénea e com uma gama bem escalonada, merecendo estar na lista de compras de quem procura uma carrinha deste segmento, especialmente esta GT Line, muitíssimo bem equipada e com um preço nos 30 mil euros (sem extras, claro!).
José Manuel Costa
Renault Megane Sport Tourer dCi 110 GT Line – Preço 29.450€; Motor 4 cil. em linha turbodiesel; 1598 c.c.; Potência 130 CV/4000 rpm; Binário 320 Nm/1750 rpm; Transmissão Dianteira, caixa manual de 6 vel.; Suspensão Independente McPherson fr/eixo de torçao tr.; Travagem Discos vent. fr/discos tr; Peso 1394 kgs; Mala 521/1504 litros; Depósito 47 litros; Vel. Máx 199 km/h; Acel. 0-100 km/h 10,6 seg.; Consumo médio 4,0 l/100 km; Emissões CO2 103 gr/km