Primeiro ensaio Audi A5 2.0 TDI 190: ainda mais belo e bem melhor
22/11/2016Beleza automóvel é tão subjetivo como a beleza dos nossos filhos; a minha filha é a mais bela do mundo, mas a do meu vizinho será a mais bela do mundo… para ele. Portanto, opinar sobre se um carro é bonito ou feio é como uma tentativa de apanhar o vento. Porém, há exceções e uma delas é o A5 da Audi desenhado por Walter da Silva. Quando nasceu era um bebé deslumbrantemente belo, amadureceu, ganhou algumas rugas e engordou – leia-se ganhou versões de 5 portas e cabrio – necessitando de um retoque na fachada. E não é que a Audi conseguiu melhorar muito o carro e faze-lo ainda mais giro. Parece a Heidi Klum, quando mais velha mais bonita e sensual está! E também é alemã, curiosamente. Será genético?
Coupé espaçoso e sedutor
É verdade que Audi A5 suportou de forma impressionante o ataque de BMW e Mercedes com o Série 4 e o Classe C Coupé, mas com o recrudescer de oposição, chegou a hora do carro desenhado por Walter da Silva conhecer nova geração. Prudentemente – inteligentemente, direi eu! – a Audi preservou quase todo o estilo do A5, mas também mudou praticamente tudo por baixo do manto.
Pode achar idiota começar a comercialização pelo coupé quando todos sabemos que será o Sportback o mais vendido assim que chegar, mas o A5 nasceu coupé e merece que na renovação agora feita, respeite a hierarquia e a comercialização se inicie com o coupé.
Além disso, o A5 Coupe é um carro espaçoso, lindíssimo agora que tem uma frente mais baixa e uma traseira mais afilada, alem de um flanco com a linha de cintura mais vincada. Por baixo, está a nova plataforma MLB Evo, uma unidade leve e muito sofisticada que serve, também, o Audi A4. A utilização desta evoluída plataforma permite, logo á cabeça, escovar 60 quilogramas ao peso do carro em comparação com a anterior plataforma. Que, recordamos, já tem nove anos!
Plataforma evoluída com melhor comportamento
Ora, se a plataforma é a mesma do A4, isso significa que o A5 terá comportamento semelhante ao da berlina da Audi, ou seja, mais conforto que desempenho, mais facilidade que envolvimento na condução. Errado! A Audi aceitou que um coupé como o A5 não poderia ser tão confortável e suave como o A4 e, por isso, ofereceu ao A5, reclama a Audi, uma sensação mais desportiva. O que quer isto dizer?
Bom, partilhando a mesma arquitetura do A4, o A5 tem molas e amortecedores mais duros nas três opções existentes – duas são passivas, a terceira tem amortecedores adaptativos – o que lhe oferece um comportamento bem diferente e mais desportivo. O problema é que este endurecer da suspensão deixou escapar algum do conforto que eu gosto num Audi e mesmo que longe de ser desconfortável, é um pouco incómodo nas lombas e bandas sonoras.
Outro dado importante tem a ver com a direção. Um dos carros que experimentei tinha a opcional direção Dynamic, espécie de assistência variável. Não vale a pena, pois o recentrar da direção é lento e é complicado perceber qual o ângulo necessário para algumas curvas. Como o A5 utiliza o mesmo sistema de direção do A4, é preferível ter menos sensibilidade e comunicação com as rodas que o sistema Dynamic.
O motor deste A5 era o bloco 2.0 litros TDi com 190 CV (a variante de 150 CV não está disponível, pelo menos para já e no coupé, no Sportback talvez apareça) e isso é uma boa vantagem, pois este motor TDI Euro 6 tem um binário interessante, potencia quanto baste para oferecer uma boa desenvoltura ao A5. A insonorização é boa, os ruídos aerodinâmicos estão contidos e o A5 é um excelente automóvel para longas viagens.
Interior… Audi!
Até porque o interior é um interior… Audi! E isto diz muito pois, por estes dias, a marca de Ingolstadt faz os melhores habitáculos do mercado, com conforto, qualidade superior, comando intuitivos e muito bom gosto, alem de tecnologia de ponta com o Virtual Cockpit. Já há imitações, mas nenhum chega à qualidade do sistema proposto pela Audi. O sistema MMI funciona muito bem, o ecrã de 7 polegadas tem uma definição impressionante, por isso, viver a bordo do A5 é bom e com as qualidades de conforto e comportamento seguro, é realmente bom viajar a bordo do A5.
Sendo um coupé, as preocupações com a habitabilidade não ocuparam a prioridade do caderno de encargos – isso ficará mais para o Sportback – mas mesmo assim o A5 não fica mal na imagem e a praticabilidade é bem maior do que se poderia esperar. Na bagageira, há muito espaço disponível, com 465 litros, mais que os seus rivais diretos e o banco traseiro rebate 40/20/40, adicionando versatilidade ao coupe. Não fica uma superfície de carga plana, mas verá que fica com muito espaço para arrumar imensa tralha.
Contas feitas ao consumo, reclamando 4,2 l/100 km, a Audi é cada vez menos otimista, mas ainda está longe da realidade que, para meu espanto, ficou dentro de valores bem interessantes. No final do primeiro ensaio, o Audi A5 2,0 TDI 190 ficou-se por uma média de 5,9 l/100 km. Por mim, está ótimo.
Veredicto
Os olhos também comem e por aí o Audi A5 conquista no primeiro olhar com a frente mergulhante e os flancos musculados, mantendo-se fiel á ideia inicial de Walter da Silva. Por baixo do manto a evolução é muito mais forte e melhora, muito, o A5. O interior é imbatível e a única desvantagem do A5 Coupe é mesmo ser pouco envolvente na condução. Se é isso que procura, então vá a outro lado e um 430d é capaz de lhe servir melhor. Se quer qualidade, um estilo que se destaca na multidão e um carro competente, o A5 Coupe é uma boa escolha. Porém, o A5 Sportback, quando chegar, será ainda melhor! E com o motor 2.0 TDI de 150 CV ficará quase perfeito.
José Manuel Costa
Audi A5 2.0 TDI 190
Preço 47.480€ (estimado); Motor 4 cil. turbodiesel 1968 c.c.; Potência 190 CV/3800-4000 rpm; Binário400 Nm/1750 – 4200rpm; Transmissão Dianteira, caixa automática de 7 vel.; Suspensão independente multi braços fr./independente multibraços tr. Travagem Discos vent fr/Discos tr; Peso 1490 kgs Mala 465 lts; Depósito 40 lts; Vel.máx 238 km/h; Acel.0-100 km/h 11,0 s Consumo médio 4,3 l/100 km; Emissões CO2 103 gr/km