Ensaio DS3 Crossback E-Tense: Caso raro

14/11/2020 0 Por Autoblogue
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Quer um SUV pequeno? As propostas são muitas, mas se quiser um SUV-B elétrico o único disponível és este DS3 Crossback E-Tense. Por isso é mesmo um caso raro… único!

A raridade e o facto da DS fazer parte do espectro Premium faz-se pagar caro, ficando a etiqueta de preço nos 41.950 euros. Vamos ver se vale a pena pagar pela exclusividade.

Ou se gosta ou se detesta, não há meio termo perante o DS3 Crossback e isso acaba por ser um copo… meio cheio ou meio vazio. Pessoalmente, acho muita piada às formas disruptivas. O carro arregaçado e a forma das portas traseiras. Ou a frente esbelta que faz lembrar o espartilho que as senhoras usavam no passado, são cativantes. Claro que não vai ganhar nenhum prémio de beleza num “Concours d’Elegance”, mas acaba por ser irreverente.

 

Interior requintado, mas… controverso

O discurso que apliquei para o exterior, aplica-se ao interior, talvez com maior acuidade. O tema dos diamantes não é fácil de encarar e a mistura de peças originais com outras que se podem ver em modelos não Premium do grupo PSA, não é belo. Depois, há muitos botões sensíveis ao toque, incluindo o ecrã de 7 polegadas para as versões mais simples ou 10 polegadas para as outras.

A DS terá de fazer funcionar melhor os botões sensíveis ao toque e agrupar muita coisa no ecrã não é uma boa solução. Outra coisa que precisa de ser melhorado é o sistema de info entretenimento, por vezes confuso e outras vezes confunde-se a ele próprio. Provavelmente necessita de um processador mais poderoso. O DS tem alguns materiais de menor valia, mas estão bem escondidos e onde a vista e o toque nunca vão alcançar. Tudo o resto está bem feito e com qualidade.

A habitabilidade é suficiente, mesmo que no banco traseiro três pessoas tenham algumas dificuldades em arrumar-se, mas outro modelo do segmento terá a mesma dificuldade, pelo que o DS3 Crossback está ilibado.

Quem segue no banco traseiro pode sentir claustrofobia, pois as barbatanas de tubarão nas portas traseiras roubam muita visibilidade. E como os revestimentos são escuros e a superfície vidrada é estreita, esse detalhe de estilo acaba por deixar o interior na penumbra. Claro que pode deitar mão à lista de opcionais para escolher outras cores e há lá muito por onde escolher.

Ser elétrico não estraga nenhuma da versatilidade e funcionalidade, com uma bagageira de 350 litros extensível a 1050 litros, dentro daquilo que se pode esperar.


Personalização enorme!

O equipamento de base do DS3 Crossback E-Tense é completo, mas é necessário perceber os diversos opcionais, pacotes, Inspirações, enfim, uma série de coisas que só acabaria este texto lá para agosto. Por isso, aconselho-o, vivamente, a ir ao sítio de internet da DS e a parte de configuração em https://www.dsautomobiles.pt/ds-store/ds-store/configurador/modelos/ds-3-crossback/acabamentos-motoriza-es-e-inspira-es/acabamentos.html. Verá que se vai entreter e descobrir coisas absolutamente fantásticas que pode colocar no seu carro.

Autonomia suficiente

O motor elétrico do DS3 é o mesmo do e-208 e do e-Corsa, ou seja, é potente o suficiente e com um excelente desempenho como sucede com a maioria dos motores elétricos.

O DS3 Crossback E-Tense reclama uma autonomia de 320 km, um pouco menos que o Peugeot e-208 e longe da dupla Kia Niro, Hyundai Kauai. Mas tem um carregador interno de 100 kW que permite que 80% da carga fique disponível em 30 minutos a uma média de 9 km de autonomia recuperada por cada minuto de carga. Numa “wallbox” de 7 kW, a carga total é completada em sete horas. Numa tomada normal serão 14 horas. A autonomia real fica um nadinha aquém dos 320 km, mas é mais que suficiente para o trajeto pendular casa-trabalho-casa. E com algum jeitinho até passamos dos 300 km.

Peso influencia comportamento e conforto

Nestas coisas dos elétricos, há sempre uma questão que funciona como o elefante na sala: o peso. O DS3 Crossback E-Tense pesa mais 300 kgs que um DS3, já depois de ter escovado umas valentes gramas em vários locais do carro para não ser quase obscena a diferença de peso.

Isso e o posicionamento do motor elétrico, baterias e controladores, obrigaram a mexer nas suspensões, sendo que o eixo traseiro não tem nada a ver com o de um DS3 com motor de combustão interna.

E aqui reside a razão para o carro ser menos confortável que o DS3 “normal” de uma maneira que, confesso, me surpreendeu. Passar por lombas, buracos ou meras depressões, fazem-se sentir de forma inesperada, principalmente para quem já experimentou o DS3 com motor térmico. Esse é um carro suave e confortável, para o bem e para o mal, claro!, o DS3 E-Tense, está no polo oposto.

Performance suficiente

No que toca á performance, este DS3 elétrico só perde para o mais potente de todos os DS3, equipado com o três cilindros a gasolina 1.2 Puretech com 155 CV: 8,7 segundos dos 0-100 km/h com uma velocidade máxima limitada aos 150 km/h.

O carro tem três modos de condução: Eco, Normal e Sport. O primeiro reduz a potência do motor (para 83 CV) e aumenta a autonomia, mas a não ser que esteja mesmo atrapalhado em termos de autonomia do género, faltam 10 km e o indicador de carga diz que só há sumo para mais 5 km. Aí o modo Eco funciona bem. O melhor é o modo normal, já que oferece 110 dos 136 CV disponíveis e permite ritmos mais elevados sem um gasto obsceno da bateria.

O modo Sport oferece tudo o que há para oferecer da mecânica elétrica, permitindo a tal aceleração imediata típica dos veículos elétricos e essencial para ultrapassagens mais justas.

Mas lembre-se sempre que há ali 300 kgs que cobram a fatura nestas alturas. Dizer que os diversos modos influem na direção, tornando-a mais ou menos pesada, sendo que é rápida e direta.

O DS3 E-Tense tem um calcanhar de Aquiles na travagem. Não há problemas em imobilizar o carro – embora tenhamos sempre aquela sensação que a força no pedal é pouca e não vamos parar e quando carregamos mais, acabamos a bater com a cabeça no vidro – mas o pedal é realmente muito inconsistente. O DS3 E-Tense tem um modo B de regeneração mais forte da energia de travagem e desaceleração, mas muito mais benigna que, por exemplo, num BMW i3 ou no Nissan Leaf com e-Pedal.

A curvar é eficaz, embora os 300 kgs a mais se sintam em alguma inércia, nada que as suspensões duras não resolvam.

Veredicto

O DS3 Crossoback não serve todos os gostos e, portanto, é um carro que deve ser encarado como uma oferta Premium para quem gosta de dar nas vistas. O E-Tense é exatamente isso, de tal forma que a DS entende que o carro não tem rivais, mesmo que o Peugeot e-208, o Opel e-Corsa e o Renault Zoe sejam os modelos do mesmo segmento. Mas a DS tem razão, não há outro SUV-B elétrico.

Porém os 45.900 euros de preço final, coloca-o no patamar do Hyundai Kauai e do Kia Niro, tendo estes, autonomias recorde e maior maturidade que o DS3. Mas, como disse, o estilo diferenciado pode pender o prato da balança para o lado do DS. Mas digo-lhe desde já que prefiro um Peugeot e-208.

Ficha técnica

Motor

Tipo: elétrico síncrono

Potência máxima (CV): 136

Binário máximo (Nm): 260

Transmissão: dianteira, caixa CVT

Direção: Pinhão e cremalheira assistida eletricamente

Suspensão (ft/tr): McPherson/eixo multibraços

Travões (fr/tr): Discos ventilados/Discos

Prestações e consumos

Aceleração 0-100 km/h (s): 8,7

Velocidade máxima (km/h): 150

Consumos (kWh/100 km): 15,7

Autonomia (km): 430 km

Dimensões e pesos

Comprimento/Largura/Altura (mm): 4188/1791/1534

Distância entre eixos (mm): 2558

Largura de vias (fr/tr mm): 1548/1557

Peso (kg): 1525

Capacidade da bagageira (l): 350/1050

Bateria (kWh): 50

Pneus (fr/tr): 215/55 R18

Preço da versão base (Euros): 41.000

Preço da versão Ensaiada (Euros): 45.900

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