
Inverno Amaral: um bom campeão… um campeão bom!
19/12/2020
O ano de 2020 não está a ser simpático e a gadanha da morte, seja por um ou outra razão, tem zurzido golpes demasiadas vezes. Inverno Amaral foi o último a ser golpeado.
Confesso que não conhecia pessoalmente – não sou como alguns que cumprimentam de forma circunstancial uma pessoa e transformam-se em amigos – José Inverno Amaral. Estive perto dele em algumas iniciativas da Renault e da Nissan.
Vi-o passar muitas vezes. É o grande culpado da minha fixação e adoração pelo Renault 11 Turbo que, infelizmente, não tenho e não deverei ter. Adiante!
Por tudo isto tenho de me socorrer de quem o conheceu e lidou de perto com ele para confirmar que era um homem bom, afável, talentoso e nada orgulhoso. Ensinava o que sabia e como bom algarvio tudo estava sempre “muto beem”.
Já deu a notícia aqui no AUTOBLOGUE, lembrando a sua passagem pelo PopCross, a famosa e deliciosa disciplina do autocross com os 2CV e Dyane, a sua fugaz passagem pelos monolugares e a carreira feita nos ralis. Tocou, ainda, o Todo o Terreno, oferecendo o seu conhecimento no desenvolvimento da Nissan Pick-Up V6, tornando-a num carro ganhador.
A carreira de Inverno Amaral começou em 1975 ao volante de um Datsun 1200 GX e acompanhado por Pedro Cabeçadas. Foi 5º no Rali do Benfica.
No ano seguinte, manteve o carro, mas mudou de navegador, passando a estar Orlando Reis a seu lado, foi 11º no Rali das Camélias, 7º no Rali Cidade de Castelo Branco e 2º na “sua” Volta ao Algarve. Que seria a única prova disputada com o Datsun 1200 GX em 1977, terminando em 4º lugar.
Só faria uma prova em 1978 – a Volta ao Algarve – mas com nova montada, um Ford Escort RS 2000. Que voltou a usar na edição 78 da prova algarvia. Em ambas as provas teve a seu lado Luís Calafate e rubricou um 4º e um 5º lugar, respetivamente.
Mantendo o Escort RS 2000, Inverno Amaral disputou 6 ralis em 1979, tendo a seu lado Luís Calafate e Joaquim Neto, que se juntou ao algarvio no Rali Choice e na Volta ao Algarve. Abandonou quatro vezes (acidente no Rali de Portugal, furo no Rota do Sol e diferencial partido na Volta a São Miguel e na Volta ao Algarve), fazendo 7º no Rali Loja Postal e 3º no Rali Choice.
No ano seguinte, Inverno Amaral reduziu, uma vez mais, o seu programa e esteve em quatro provas com o Ford Escort RS 2000 e com Joaquim Neto a seu lado. Abandonou na Volta à Ilha de São Miguel, no Rali Douri Sul (caixa de velocidades) e no Rali do Algarve, tendo siso 5º no Rali Serra da Estrela.
Inverno Amaral, com o auxílio do concessionário Citroen no Algarve, Auto Gharb, inscreveu-se no Troféu Citroen Visa de 1982 e passou a utilizar o Citroen Visa SX.
Disputou sete ralis e só abandonou uma vez no Rali Dão Lafões. Foi 17º no Rali James (2º N1) e no Rali das Camélias, 8º no Rali da Figueira da Foz (1º da classe N1), 14º no Rali Internacional Rota do Sol (1º classe N1), 6º na Volta a Portugal (1º classe N1) e no Rali do Algarve (1º classe N1). Ganhou o Campeonato Nacional de Ralis Grupo N Classe 1 e o Troféu Visa
Em 1983, Inverno Amaral passou para um Citroen Visa Trophée e alinhou em cinco provas, abandonando na Volta a Portugal e no Rali de Castelo Branco, tendo sido 4º no Rota do Sol, 5´na Volta a São Miguel e 2º no Rali do Algarve. No ano seguinte, com o mesmo carro, fez apenas duas provas, o Rali de Castelo Branco (4º) e o Rali do Algarve (3º). Em 1985 fez o Rali de Silves, que ganhou, e o Rali do Algarve que fechou em 3º. Ambos ao volante do Citroen Visa Trophée.
Em 1986, passa a usar um Renault 11 Turbo e disputa seis provas. Abandonou na Volta a Portugal com a junta da cabeça do motor do 11 Turbo queimada e no Rali de São Miguel. No Rali do Porto foi 12º classificado, no Rota do Sol foi 7º, no Alto Tâmaga ficou no 6º lugar e fechou o ano no “seu” Rali do Algarve com um 4º lugar.
O ano de 1987 marca a sua estreia com o 11 Turbo de Grupo 1 da equipa oficial Renault Galp. Mantendo a parceria com Joaquim Neto, Inverno Amaral disputou 11 ralis.
Começou com o pé esquerdo ao abandonar no Rali Sopete com o motor partido. Mas nas Camélias ganhou, no Rali de Portugal foi 12º à geral e 3º entre os portugueses e na Figueira da Foz reencontrou-se com as vitórias.
Sofreu um acidente no Rali do Porto, abandonando, voltando às vitórias na Volta a Portugal. Foi 4º no Rali Rota do Sol, venceu o Rali de São Miguel e o Rali do Algarve, tendo ficado em 3º nos ralis Vinho Madeira – mas com vitória entre os portugueses – e no Alto Tâmega. Ficou em 14º no Campeonato Europeu de Ralis e foi Campeão Nacional de Ralis, com 6 vitórias e 102 troços ganhos.
No ano segunte, manteve-se a parceria entre Inverno Amaral, Joaquim Neto e o Renault 11 Turbo, disputando, uma vez mais, 11 ralis durante o ano.
Conheceu mais problemas e abandonou na Volta a Portugal (despiste), no Rota do Sol (mecânica), Vinho Madeira (transmissão) e Alto Tâmega (junta da cabeça do motor), tendo ganho, apenas, duas vezes, no Rali das Camélias e ganhou a classificação dos portugueses no Rali de Portugal tendo reclamado um 8º lugar à geral.
Foi segundo classificado no Rali do Porto, no Rali do Algarve e no Rali de São Miguel. Foi 4º na Figueira da Foz e 5º no Sopete. Fechou o ano no terceiro lugar do campeonato com 2 vitórias e 60 classificativas ganhas.
O derradeiro ano de participação com o Renault 11 Turbo da equipa oficial deu-se em 1989. Venceu duas provas, o Rali da Figueira da Foz e 6º no Vinho Madeira, vencendo entre os portugueses, foi 2º classificado no Sopete, Volta a Portugal e no Alto Tâmega. Ficou em 3º no Rali de São Miguel, 4º no Rali do Algarve.
Abandonou nas Camélias e no Rali de Portugal (junta da cabeça do motor), no Rali de Porto (motor partido) e no Rota do Sol (despiste).
Voltou à competição somente em 1991, desta feita no âmbito do Troféu AX, desta feita com o apoio do concessionário Benjamin Barral. Ao volante do Citroen AX Sport fez cinco ralis, terminando apenas as Camélias, com Rui Bevilacqua a seu lado, sendo o 4º classificado. No Sopete, com José Manuel Conde a seu lado, conheceu um problema elétrico, na Volta a Portugal e no Rali do FCP, abandonou, respetivamente, com problemas na suspensão e no motor, acabando o ano com mais um abandono no Rali do Algarve devido aos travões.
A partir daqui, fez o Rali do Algarve cum um Renault Clio 16V a equipa oficial Renault e terminou em 7º lugar, tendo a seu lado Fernando Prata. Voltou a fazer o “seu” rali com um Ford Escort Cosworth, tendo a seu lado José Manuel Conde, abandonando com problemas de suspensão.
Esteve no Rali de Castro Marim com um Citroen Visa GT, onde foi 7º e fez de carro zero, ao volante de um Subaru Impreza STI N12, no Rali de Portugal de 2007.
Contas feitas, em Portugal, fez 80 provas, ganhou 11 ralis (9,5%) e abandonou em 29 ocasiões, tendo registado 24 pódios. Venceu 199 troços o primeiro dos quais no Rali de São Miguel de 1979 (Pico da Pedra). Ganhou pela última vez uma classificativa e, 1991, no Rali das Camélias (São Pedro de Sintra 3). Pontuou pela primeira vez nas Camélias em 1976 e pela última vez no Sopete de 1989.
Foi campeão nacional de ralis em 1987 e venceu o Grupo A, tendo disso campeão nacional do Grupo N em 1982.
(fonte http://www.ewrc-results.com)