
Ensaio Volkswagen Golf TDI 115 Life: A versão certa para Portugal
22/12/2020Quando falamos do Golf pensamos, imediatamente, na versão a gasóleo com 150 CV que já ensaiámos. Porém, após passar uns dias com a versão de 115 CV do motor 2.0 TDI, a minha opinião diz que este é o motor ideal para o mercado nacional. E explico porquê neste ensaio.
- A Favor – Refinado, Comportamento, Vida a bordo
- Contra – Painel de instrumentos, Eletrónica
Nesta oitava geração, a Volkswagen tentou fazer a quadratura do círculo: evoluir o estilo sem revolucionar, poupar algum dinheiro na produção para tornar o Golf mais acessível sem perder rentabilidade e, finalmente, estender os braços aos mais jovens e exigentes consumidores de tecnologia. Fácil? Claro que não, se fosse, todos os carros seriam perfeitos.
A distância encurtou muito para os rivais e pode ser um “grito” de alerta para a nona geração do Golf. E há coisas neste Golf que não estávamos habituados e que demonstram como a economia prevaleceu sobre a engenharia: o capô motor que deixou de ter amortecedores, está pintado de preto ao invés de ser da cor da carroçaria, alguns plásticos escondidos em zonas pouco acessíveis e mais alguns detalhes um pouco por todo o interior.

Estilo evolutivo e… menos consensual
A base do Golf é a mesma, ou seja, a MQB, melhorada no que toca à rigidez e sem mais nenhuma alteração. As dimensões desta oitava geração são ligeiramente diferentes face à anterior: 29 mm mais no comprimento, 10 mm mais largo e 4 mm mais alto.
A distância entre eixos, claro, ficou na mesma, mas a eficiência aerodinâmica melhorou (coeficiente de arrasto de 0.27 contra 0,30 do anterior). A oitava geração do Golf deixa de oferecer a versão de três portas. No que toca ao estilo, uma vez mais, a evolução é palavra de ordem. Mas o carro ganhou personalidade, nomeadamente, com a frente baixa e onde estão os faróis LED com um desenho que foge aos cânones da Volkswagen e do Golf, sendo, na minha opinião, a parte menos consensual do carro.
Pelo menos, é diferente e o resto do carro acaba por perder protagonismo, nomeadamente, a linha de cintura que corre dos faróis aos farolins, dando maior músculo ao aspeto geral do carro. Para os que gostam de coisas mais tecnológicas, a VW propõe o pacote opcional IQ Light. Este pacote de luzes inclui o controlo automático dos máximos, farolins LED que desenham um grafismo e os indicadores de mudança de direção ativos.

Interior mudou… muito!
Se no exterior as coisas pouco mudaram, no interior há uma enorme revolução. O novo tabliê e painel de instrumentos chama-se “Innovision” e abraça numa só peça o ecrã digital que faz de painel de instrumentos (com 10,3 polegadas) e o ecrã que funciona como base do sistema de info entretenimento e não só, com 10 polegadas nesta versão Life.
Mesmo que o cinzentismo se mantenha nas cores, com o preto e o cinzento a dominar, destaca-se a alavanca da caixa de velocidades manual que deixa a consola central menos harmoniosa que com a caixa DSG. Não há botões exceto o que controla o arranque do motor e o travão de mão elétrico. No tabliê também não há botões físicos, substituídos por pequenos painéis sensíveis ao toque, tal como num smartphone. A qualidade percecionada e real, continua elevada, mas há muito mais plásticos duros, escondidos, é verdade, mas que não era hábito ver. Claro que o Golf continua bem construído, de forma sólida, mas fica a dúvida sobre a qualidade dos plásticos daqui a uns anos.
Motor (ainda) mais frugal
O motor turbodiesel com 2 litros de cilindrada surge neste Golf Life na versão de 115 CV e acoplado a uma caixa manual de seis velocidades. Os motores com cilindradas elevadas são mais fáceis de tornar económicos e cumpridores dos limites de emissões e com a caixa bem escalonada, a VW conseguiu homologar um valor de 3,5 l/100 km. Ora, tal como sucedeu com o Golf 2.0 TDI 150 CV, não consegui chegar a essa cifra, porém, a excelência do conjunto e algum cuidado ao volante, o registo final ficou nos 4,1 l/100 km. Sem cuidados especiais e numa utilização como o nosso querido leitor fará, habitualmente, não foi além dos 4,5 l/100 km.
Portanto, temos um campeão no que toca aos consumos, ajudado pelo motor redondo e sempre cheio a media e baixa rotação. Em auto estrada, o Golf ronrona e consegue manter uma boa velocidade de cruzeiro com consumos abaixo dos 4 litros. Ou seja, o bom e velho ciclo Diesel continua a ser imbatível no que toca aos consumos e à facilidade de utilização. E na defesa do ambiente, as emissões de CO2 não chegam à centena de gramas por 100 km.

Comportamento excelente
O Golf é um carro refinado, com um pisar seguro e suave, equilibrado e preciso, com uma direção mais direta com o carro a mostrar-se mais ágil e direto. O carro que utilizei neste ensaio tinha o eixo traseiro de torção e não o de rodas independentes. Há quatro modos de condução (Eco, Comfort, Sport e Individual), a direção tem assistência variável com o peso correto, precisão fantástica que mantém a trajetória escolhida pelo condutor.
A verdade é que o Golf é um regalo para conduzir, devagar ou depressa. Ajudado pela direção e pelo chassis, o carro consegue mudar de direção com agilidade e controla de forma satisfatória os movimentos da carroçaria sejam verticais ou laterais. O eixo traseiro não prejudica o comportamento, apenas se nota algum menor refinamento, mantendo-se suave no que toca ao conforto.
Esta é a versão que serve ao mercado nacional: económico, bem equipado, capaz de satisfazer os mais conservadores e os mais tecnológicos, é eficiente e muito confortável com uma excelente posição de condução. Claramente, o bloco 2.0 TDI com 115 CV é o “must have” se desejar ter na sua garagem o, ainda, líder do segmento. Sim, é verdade que a oitava geração do Golf volta a subir a fasquia do segmento, mas é evidente a diminuição da vantagem face aos rivais.
Ficha técnica
Motor
Tipo: 4 cilindros em linha, injeção direta “Commonrail” e turbo com intercooler
Cilindrada (cm3): 1968
Diâmetro x Curso (mm): nd
Taxa de Compressão: nd
Potência máxima (CV/rpm): 115/3250 – 4000
Binário máximo (Nm/rpm): 300/1600 – 2500
Transmissão: dianteira com caixa manual de 6 velocidades
Direção: Pinhão e cremalheira assistida eletricamente
Suspensão (ft/tr): independente tipo McPherson/eixo de torção
Travões (fr/tr): discos ventilados/discos
Prestações e consumos
Aceleração 0-100 km/h (s): 9,7
Velocidade máxima (km/h): 202
Consumo misto (l/100 km): 3,5
Emissões CO2 (gr/km): 93
Dimensões e pesos
Comprimento/Largura/Altura (mm): 4284/1789/1456
Distância entre eixos (mm): 2636
Largura de vias (fr/tr mm): 1549/1519
Peso (kg): 1305
Capacidade da bagageira (l): 380/1237
Deposito de combustível (l): 50 (adBlue – 12 litros)
Pneus (fr/tr): 225/45 R16
Preço da versão base (Euros): 32.315
Preço da versão Ensaiada (Euros): 32.315