
Carlos Gaspar o homem do Team BIP faleceu hoje
06/01/2021
Conhecido pelas suas participações com o Lola do Team BIP, Carlos Gaspar estava doente há algum tempo e internado há três meses. Faleceu hoje aos 78 anos.
Engenheiro, brilhante contador de histórias e com opiniões fortes e nem sempre consensuais, Carlos Gaspar faz parte do “panteão” do desporto automóvel português.
Conheceu uma carreira marcada pelas prestações ao volante do Lola T292, numa equipa que foi a precursora do profissionalismo em Portugal.
Carlos Gaspar tinha, como referimos, opiniões muito fortes e nos tempos do Team BIP, lembram os jornalistas dessa época, teve uma luta intensa com os patrocinadores (Banco Intercontinental Português – BIP) para abandonar a classe dos 3 litros – o motor Ford Cosworth DFV 3.0 com versões de 480 e 520 CV tinha potência a mais para o chassis T280, feito em alumínio e com custa distância entre eixos – e competir nos 2 litros.
A sua ideia não vingou até que a evidência deu razão a Carlos Gaspar. Com o novo Lola T292, mas agora com menos de 300 CV para encaixar, o carro era guiável e os resultados surgiram. Uma vez mais, as suas opiniões fortes criaram polémica: “não tenho a certeza, como não tinha na época, que houvesse quatro pilotos portugueses capazes de conseguir bons resultados.”
O novo carro era, para Carlos Gaspar, a diferença entre “domar uma besta ou guiar um anjo.”
Outro episódio que mostra como Carlos Gaspar tinha mão pesada na equipa, foi o afastamento de Nicha Cabral do Team BIP. Nos 1000 km de Monza, Nicha Cabral fez valer a sua amizade com George Jost, diretor da equipa, e próximo de Heini Mader, o preparador dos motores, para montar a mais recente evolução do motor Ford FVC, mais potente, mas não fiável. Essa alteração feita sem o conhecimento de Carlos gaspar, levou ao afastamento de Nicha Cabral. Uma história que ficará com ambos, pois Nicha Cabral e Carlos Gaspar já partiram.
Recordar, apenas, que Jorge de Brito era o presidente do BIC antes de se tornar o presidente do Benfica e que tinha sonhos de ter uma equipa portuguesa na Fórmula 1. Carlos Gaspar foi o responsável por trazer á terra o empresário, deixando-lhe claro que era um passo demasiado grande.
O 25 de Abril veio acabar com o sonho da F1 e com a equipa, mas deixando uma marca indelével na história do desporto automóvel nacional. Tal como Carlos Gaspar, o piloto nortenho que hoje faleceu num hospital no Porto. O AUTOBLOGUE deseja á família as mais sentidas condolências.