
Ensaio VW T-Cross 1.0 TSI: surpreendentemente espaçoso
01/02/2021
O quinto SUV da Volkswagen é “fofinho”, rival do Renault Captur, Hyundai Kauai, do Kia Stonic, do Ford Puma e do VW T-Roc. Quê?! Sim, o pequenino T-Cross tem uma surpreendente habitabilidade e preço mais agradável. Agora, vale a pena face ao T-Roc? E face aos rivais? Tudo para saber neste ensaio Autoblogue.
- A Favor – Insonorização, modularidade e habitabilidade
- Contra – alguns acabamentos, vibrações em mau piso, amortecimento
Curiosamente, quando olhamos para o T-Cross nem parece que entre este e o Tiguan não existe mais nenhum carro. Ou seja, o T-Cross tem mais semelhanças com o SUV maior e líder de vendas Tiguan. Um ponto positivo, direi eu.
Depois, temos de olhar para o T-Cross e pensar: é um Polo maior ou um mini Tiguan? Provavelmente… os dois!
Porque a Volkswagen tinha como ponto de mira o Renault Captur que, entretanto, atualizou-se e deu salto em frente que o coloca entre os melhores do segmento. Particularmente agora que tem o sistema híbrido Plug In da casa francesa, o E-Tech. Portanto, o T-Cross continua a ter o mesmo alvo, mas agora com mais dificuldades.

Olhemos então para o T-Cross.
O carro é semelhante em dimensões a um Seat Arona (tem menos uns milímetros), mas com a distância entre eixos semelhante à do Polo. A plataforma é a mesma e por isso a suspensão segue o mesmo esquema, ou seja, suspensões MacPherson à frente e eixo de torção na traseira.
Grande diferença na altura ao solo e na altura do carro. A distância ao solo é de 18 cm, o que é melhor que no T-Roc, pois este só tem 16 cm até ao chão.
Seguindo uma tendência do segmento, o T-Cross tem jantes grandes (os SUV mais pequenos têm rodas maiores…) de 17 polegadas. Que lhe assentam muito bem!
Estas jantes ajudam a que o conforto não seja maior, mas de forma surpreendente, apenas em cidade e com piso degradado, há vibrações menos simpáticas. E quando passamos por lombas destinadas a reduzir a velocidade, o choque inicial é um nadinha mais brusco. Mas não é, de todo, um caso de desconforto. Longe disso.

Para ajudar o T-Cross a cumprir o seu destino familiar, a direção tem um diâmetro de viragem entre passeios de 10,6 metros, um excelente valor. Depois, tudo é diferente com um sistema de direção pouco direto e ainda menos sensível. Felizmente é leve e em cidade, tudo se passa de forma mais correta.
A travagem, tenho de o dizer, tem diferenças entre versões. A unidade disponibilizada para este ensaio pertence ao nível Life e, por isso, tem travões de tambores no eixo traseiro. As versões superiores são servidas com discos no eixo traseiro. Acredito que não faça muita diferença e no modelo ensaiado, não experimentei problemas na capacidade do sistema e menos ainda na resistência à fadiga, com travagens equilibradas e seguras.
O T-Cross que usei neste ensaio estava equipado com o motor 1.0 TSI com 95 CV, uma unidade com 3 cilindros que está bem amordaçada dentro do compartimento do motor, mas que com apenas 95 CV não consegue ter performances elevadas. E não vale a pena puxar por ele através da longa da caixa manual de cinco velocidades, porque o resultado será sempre o mesmo. Felizmente, os consumos são comedidos.
Se quiser ser responsável e usar o carro da maneira mais correta, o computador de bordo devolveu-nos um valor de 5,4 l/100 km. Menos eficiente na condução, o registo chegou aos 6,2 l/100 km. Contas feitas, o ensaio ficou nuns muito agradáveis 6 litros por cada centena de quilómetros.

Em estrada, o T-Cross mostra-se equilibrado e seguro. Com as jantes grandes e pneus de qualidade, o SUV da Volkswagen tem um eixo dianteiro com excelentes níveis de aderência. Isso não quer dizer que possa exagerar, pois, nos limites, a tendência natural é sair de frente. Não é preocupante ou inseguro. Mas tem de perceber que como acontece com a esmagadora maioria dos SUV, comportamentos desportivos não cabem no enquadramento do segmento. E menos ainda no segmento B SUV e com um motor com menos de 100 CV.
Para controlar tudo isto, o T-Cross tem ESP, ABS e avisador de transposição de faixa. Pode desligar o controlo de tração, não o de estabilidade. Ou seja, nunca será apanhado de surpresa, pois a vigilância eletrónica funciona como rede de segurança. Se abusar, o problema muda de mãos e a culpa será sua.
O reverso da medalha é que o ESP é muito intrusivo e ainda comporta um sistema de contrabrecagem automática. O que é isto? Cada vez que há uma manobra evasiva – como, por exemplo, o famoso Teste do Alce – o sistema está programado para ter intervenção firme para reduzir a velocidade e assim evitar que a estabilidade do carro seja comprometida. Portanto, se tiver que se desviar abruptamente de um obstáculo, esteja preparado para uma travagem violenta antes de se desviar.

Falta falar-lhe do interior. Acolhedor e frio como é habitual nos VW, mas com o brinde de uma habitabilidade inesperada olhando às dimensões do carro.
A posição de condução é elevada (60 cm nos bancos da frente e 65 cm nos bancos de trás), o espaço à frente é generoso e atrás é suficiente para arrumar as pernas, com o truque de fazer avançar ou recuar o banco com a ajuda de calhas.
O espaço em altura é melhor que no T-Roc e numa avaliação geral, o T-Cross faz tão bem como o Polo e como o T-Roc, um carro maior. Critica tem de ser feita aos bancos dianteiros que apesar de suportar bem o corpo, a verdade é que levam ao cansaço em longas tiradas. E a verdade é que não consegui perceber se era do fundo curto ou da forma das costas.
O que é que penso sobre do T-Cross?
O T-Cross é um SUV de qualidade que posso considerar como um mini-Tiguan. O sucesso não é pleno, pois o carro é, apenas, o 27º modelo mais vendido na Europa com 112.016 unidades, menos 61 unidades que o Tiguan e 46 mil a menos que o T-Roc. Perdeu, mesmo, para o Ford Puma, para o Hyundai Kauai, para o Peugeot 2008 e para o Renault Captur, o mais vendido do segmento e do segmento SUV na Europa com 176.145 unidades em 2020. Porém, viu as suas vendas crescerem 14,1%. Seja como for, o T-Cross tem muitas qualidades e face ao T-Roc, sendo mais barato, mais prático e com semelhante habitabilidade, poderia canibalizar o modelo feito na AutoEuropa. Não me parece que seja esse o caso e o fator preço não é, por sí só, suficiente para recusar um T-Roc. Até porque a qualidade de construção é elevada, mas há demasiados materiais de menor valia em alguns locais. Não é isso que o torna menor face aos seus “familiares” ou aos rivais. Mas talvez haja demasiada oferta parecida dentro da gana VW.
Ficha técnica
Motor: 3 cilindros em linha, injeção direta, turbo; Cilindrada (cm3): 999; Diâmetro x Curso (mm): nd; Taxa de Compressão: nd; Potência máxima (CV/rpm): 110/5500; Binário máximo (Nm/rpm): 200/2000 – 3000; Transmissão: dianteira com caixa manual de 5 velocidades; Direção: Pinhão e cremalheira assistida eletricamente; Suspensão (ft/tr): McPherson/eixo de torção; Travões (fr/tr): Discos/discos; Aceleração 0-100 km/h (s): 9,9; Velocidade máxima (km/h): 189; Consumo (l/100 km): 5,8; Emissões CO2 (gr/km): 131; Dimensões e pesos Comprimento/Largura/Altura (mm): 4108/1760/1584; Distância entre eixos (mm): 2551; Largura de vias (fr/tr mm): 1526/1504; Peso (kg): 1202; Capacidade da bagageira (l): 455/1281; Deposito de combustível (l): 40; Pneus (fr/tr): 205/55 R17; Preço da versão base (Euros): 22.601