Ensaio Opel Grandland X Hybrid4: alemão de alma francesa

Ensaio Opel Grandland X Hybrid4: alemão de alma francesa

02/02/2021 0 Por Autoblogue
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Não lhe vou falar muito sobre o Grandland X, carro já conhecido e feito com a mesma base do Peugeot 3008, Citroen C5 Aircross e DS7 Crossback. A novidade está nesta versão híbrida com 300 CV que pode deixar-nos a salivar. Será que é assim?

Rating: 3.5 out of 5.
  • A Favor – Insonorização, modularidade e habitabilidade
  • Contra – alguns acabamentos, vibrações em mau piso, amortecimento

Ora bem o Grandland X é, tecnicamente, o primeiro híbrido da Opel. Sim, o Ampera não era um híbrido. Ponto! O Grandland X Hybrid4, como sabem, é um alemão com alma francesa porque a base é a plataforma EMP-2 da PSA e utiliza exatamente a mesma unidade motriz do Peugeot 3008 GT Hybrid4 e do DS7 Crossoback e-Tense.

Razões para a Opel ter um híbrido? 

Porque há regras europeias a cumprir sobre emissões de CO2 que, em caso de prevaricação, dão direito a pornográficas multas. Ora, a Opel tem já a versão 100% elétrica do Corsa e com o Grandland X Hybrid 4, tem aqui mais um antibiótico contra as multas.

O rival de modelos como o Nissan Qashqai, Seat Ateca, Kia Sportage, ou ainda o Audi Q3 e o BMW X3, o Grandland X não teve um impacto grande nas vendas da casa de Russelsheim. Consultando as vendas de 2020, não ficou nos 50 mais vendidos na Europa e, contas feitas, comercializou 71.161 unidades em 12 meses no Velho Continente. O Qashqai, por exemplo, vendeu que o dobro. Seja como for, é o maior crossover da Opel e o topo de gama da marca alemã em termos de SUV e crossover.

Vamos ao que interessa!

O sistema híbrido usado pelo Grandland é o mesmo do grupo PSA. Isso quer dizer a utilização de um motor a gasolina com 1.6 litros a gasolina sobrealimentado com 200 CV, com um propulsor elétrico colocado entre o motor e a caixa de velocidades e outro colocado no eixo traseiro.

O somatório dos três motores (que não é aritmética!) oferece 300 CV e um robusto binário de 520 Nm. Para alimentar os motores elétricos está uma bateria de 13,2 kWh, que permite uma autonomia em modo 100% elétrico de 59 km (modo WLTP).

Ora, perante estas cifras, o carro está homologado, segundo o protocolo WLTP, com um consumo de 1,3 l/100 km e apenas 29 gr/km de CO2.

Para carregar a bateria, pode fazê-lo apenas com o máximo de 7,4 kW. Bom, numa tomada doméstica são precisas 4 horas para carregar a bateria. Numa “wallbox” de 7,4 kW, a bateria fica totalmente carregada em 1h50m. Parece-me muito bem!

Há um ou outro soluço na instalação do sistema híbrido Plug In. Apesar de estar colocada ao lado do depósito de combustível, mais pequeno com apenas 43 litros, a bateria perturba a bagageira. Pelo tamanho, mas também pela necessidade de guardar os cabos de carregamento – alojados em locais específicos e não em pouco práticos sacos. Contas feitas, a bagageira viu a sua capacidade reduzir-se para 390 litros. 

Outro soluço é o peso que é adicionado ao carro com o sistema híbrido: são 370 kgs face a um Grandland X somente com o motor 1.6 litros. Quer isto dizer que o carro aproxima-se das duas toneladas (1800 kgs na realidade). Não é brilhante, mas há modelos mais anafados.

E então como é que funciona?

Em primeiro lugar, dizer-lhe que tem tração integral no Grandland X. O que é uma boa novidade, especialmente em tempos invernais e pisos mais escorregadios.

Depois, há quatro modos de condução. O modo “Electric” é usado por defeito no arranque e se não mudança de modo, não passar dos 135 km/h e houver bateria, será assim que o carro se move.

O modo Hybrid, será solicitado acima dos 135 km/h, mas pode ser usado a qualquer altura, assegurando a intervenção do motor de combustão interna, mas de uma forma muito parcimoniosa. Se acelerar a fundo, também é o modo Hybrid que intervêm para oferecer tudo o que o sistema tem para dar. Claro que quando a bateria está semcarga suficiente (mas não totalmente descarregada, isso nunca acontece) o modo Hybrid assegura a gestão de tudo.

O modo 4×4 só funciona desde que haja carga suficiente na bateria – o que se compreende porque a tração nas rodas traseiras é assegurada por um motor elétrico – e o modo Sport reúne todos os recursos para oferecer o máximo de performance. É nesse modo que o Grandland X Hybrid4 consegue chegar dos 0-100 km/h em 6,1 segundos e tocar os 235 km/h. Dizer que o Grandland X Hybrid4 é servido por uma caixa automática de 8 velocidades. 

E então como é o Grandland X Hybrid4 em utilização?

Eu, pessoalmente, gosto muito do carro e da forma como funciona em modo 100% elétrico. Suave, silencioso e fácil de conduzir. A autonomia é de 59 km, segundo o protocolo WLTP, mas aqui tenho de dizer que às baterias acontece o mesmo que ao género masculino… com o frio tudo encolhe e andei com o Grandland X Hybrid4 em dias de muito frio. Mesmo muito frio! Ora a autonomia encolheu e nunca conseguiu chegar aos 59 km anunciados. Não fui além de 45 km.

Porém, e por uma questão de honestidade, acredito que o Grandand X Hybrid4 faz mais e aproximar-se da autonomia anunciada. Até porque há sempre a possibilidade de usar o modo “B” da caixa para aumentar a regeneração.

Verá que durante algum tempo não vai usar o pedal de travão… E o sistema funciona muito bem resistindo bastante até que o motor de combustão interna entre em ação. Só se carregar a fundo no acelerador é que o bloco 1.6 litros acorda. E tem de ultrapassar o ponto do tradicional “kick off”, pois mesmo aí, o motor elétrico assume sempre o protagonismo. Sinceramente, o Grandland X Hybrid4 parece um elétrico e não um híbrido.

Com 300 CV é o Grandland X Hybrid4 um SUV desportivo?

A cifra de potência pode impressionar na conversa de café ou na conversa das redes sociais, mas, na realidade, este poderio não faz do Opel um SUV desportivo. Nem no melhor dos seus sonhos!

É um carro rápido quando usamos todos os recursos do sistema híbrido, claro que sim. Mas o entusiasmo é cortado rente quando percebemos que a suspensão é suave. E que o carro abana um pouco quando abusamos em curva – nos buracos e nas lombas o carro sente um pouco as pancadas. Há algum rolamento da carroçaria e a direção não ajuda muito, tendo pouca sensibilidade.

Apesar disso, há alguma aderência no eixo dianteiro, sendo todo o crédito que ser dado aos excelentes pneus que equipam o Grandland X Hybrid4. 

Na minha perspetiva, o carro não precisa de tanta potência até porque a forma como o Grandland X Hybrid4 se comporta não rima com os 300 CV. Mais! Este Opel é muito agradável de usar e vai piorando quanto mais potência usamos.

O sistema não tem carregamento através do motor térmico e a bateria é recarregada com a regeneração de energia, através do modo B e, claro, do carregador exterior. O modo Hybrid tem, também, a possibilidade de preservar a bateria para uma utilização posterior.

No que toca aos consumos, registei, em modo híbrido, 6,3 l/100 km, um valor muito interessante para um SUV deste tamanho e peso. Tudo o resto fica igual ao Grandland X convencional.

O que é que eu penso sobre o GrandlandX Hybrid4?

Confesso que sempre gostei deste alemão com alma francesa e com o sistema híbrido acho que ficou melhor. Não é barato, é verdade, mas é económico, tem uma condução suave e fácil, tem espaço interior, é bem construído e merece estar numa lista de opções na hora de comprar um SUV híbrido Plug In. Há carros melhores? Há, claro que sim, mas este Opel Grandland X Hybrid4 é uma boa escolha como proposta híbrida.

Ficha técnica

Motor: 4 cilindros em linha, injeção direta, turbo; Cilindrada (cm3): 1598; Diâmetro x Curso (mm): 77 x 85; Taxa de Compressão: 10,2; Potência máxima (CV/rpm): 200/6000; Binário máximo (Nm/rpm):300/3000; Potência e binário do motor elétrico 1 (CV/Nm): 110/320; Potência e binário do motor elétrico 2 (CV/Nm): 113/166; Potência combinada (CV) 300 CV; Binário combinado (Nm): 520 Nm; Transmissão: integral com caixa automática de 8 velocidades; Direção: Pinhão e cremalheira assistida eletricamente; Suspensão (ft/tr): McPherson/eixo de torção; Travões (fr/tr): Discos; Aceleração 0-100 km/h (s): 6,1; Velocidade máxima (km/h): 235; Consumo (l/100 km): 1,5 – 1,6; Emissões CO2 (gr/km):34 – 36; Dimensões e pesos Comprimento/Largura/Altura (mm): 4477/1856/1609; Distância entre eixos (mm): 2675; Largura de vias (fr/tr mm): 1595/1610; Peso (kg): 1800; Capacidade da bagageira (l):390/1528; Deposito de combustível (l): 43; Pneus (fr/tr): 225/55 R18; Preço da versão base (Euros): 47.120

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