Ensaio Citroen C5 Aircross Hybrid Shine: um SUV com classe

Ensaio Citroen C5 Aircross Hybrid Shine: um SUV com classe

08/02/2021 0 Por Autoblogue
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O C5 é um SUV desvalorizado, provavelmente, porque se chama Citroen, pois se tivesse outro símbolo na calandra teria outro reconhecimento. O que só vem provar como a compra de automóvel continua a ser feita com decisões pouco educadas. Merece, ou não este C5 Aircross Hybrid figurar na história da Citroen?

Rating: 4 out of 5.
  • A Favor – Conforto, Estilo diferenciado, Refinamento
  • Contra – Pedal do travão, não tem 4×4

A partir do momento que a Citroen abandonou a berlina para se concentrar no SUV, o C5 ganhou corpo, perdeu algumas das características típicas da casa do “Double Chevron” – como as suspensões pneumáticas, por exemplo – e armou-se de um estilo diferenciado. Diferenciado, mas de bom gosto.

Foi sendo refinado, mas deparou sempre com alguma indiferença. A Citroen não cedeu e, hoje, o C5 Aircross é um SUV ainda mais sedutor em termos de estilo (com retoques que melhoraram), mas, sobretudo, é um carro que honra a história da Citroen.

Possui amortecedores com limitadores de curso hidráulicos progressivos (uma versão mais barata de ter suspensão ativa), bancos Advanced Comfort e vidros laterais acústicos.

Acrescentam, agora, a inevitável hibridização, mas na versão de recarga exterior. Ou seja, é um carro com estilo diferenciado. Como um Citroen deve ser. Tecnicamente avançado. Como um CItroen deve ser. Portanto, a pergunta que se faz é a que está na entrada deste ensaio: é o C5 Aircross Hybrid digno da história da Citroen?

Estilo diferenciado

A Citroen fez jus à sua história e oferece um SUV com um estilo diferenciado que, confesso, gosto muito. O carro tem uma frente imponente, um desenho que nos faz pensar num carro muito mais baixo e alongado, enfim, um desenho sedutor. E, na minha opinião, anda por aí muito outro SUV com estilo muito menos conseguido que o do C5 Aircross.

Como disse, a Citroen rejeitou a doutrina dos SUV e de alguns crossover, preferindo rejeitar uma aparência desportiva que depois não tem correspondência com o carácter do carro.

Por isso, por dentro e por fora, o Citroen C5 é um SUV diferenciado, pensado para ser confortável e capaz de nos levar longas distâncias com o mínimo desconforto e com enorme praticabilidade.

Base comprovada

Não há nenhum segredo, a base do C5 Aircross é a mesma do Peugeot 3008 e do Opel Grandland X. Mas a Citroen introduziu algumas diferenças que permitem ao C5 Aircross destacar-se dos seus “irmãos”. E aqui, o segredo é… conforto!

Vamos aos porcas e parafusos, perdão, às diferenças!

A suspensão do C5 Aircross utiliza amortecedores únicos no sentido de oferecer um elevado nível de conforto. Um princípio que foi inventado pela Citroen para os seus carros do Mundial de Ralis. Mas aqui, a ideia é tornar o carro um tapete voador e não um míssil. E como é que funciona?

Com excesso de fluído hidráulico armazenado em depósitos externos, o sistema injeta esse fluído através de furos progressivamente mais pequenos quando os amortecedores alcançam o fim do curso, seja na fase de expansão como de compressão.

Estes batentes hidráulicos impedem os choques mais ou menos fortes quando chega ao fim o curso do amortecedor e permite a utilização de molas muito suaves. Numa suspensão “normal” isso tornaria o carro muito sensível aos movimentos da carroçaria.

Aqui não, pois a mola pode ser suave que os batentes controlam esses movimentos.

É um sistema perfeito? Não, não é porque as molas suaves fazem com que o carro, em andamento normal, pareça que vai a levitar – lembram que eu disse acima que é um tapete voador? – especialmente se não existirem irregularidades na estrada. 

Confortável, sem dúvida, mas uma sensação que obriga a alguma habituação. Ainda por cima, quando apanhamos uma lomba ou um buraco mais pronunciado, sente-se o “bonk” e a coluna de direção vibra.

Como a direção também é muito leve, o C5 Aircross para que viaja numa nuvem e esse conforto acaba por passar uma mensagem errada de fragilidade.

Um Skoda Kodiaq ou um VW Tiguan são muito mais duros, oferecem menos conforto, mas parecem mais sólidos e refinados. Claramente é uma questão de gosto pessoal entre a leveza francesa e a robustez alemã.

Interior espaçoso

Poucas marcas têm um conhecimento tão profundo sobre conforto a bordo como a Citroen. É por isso que o interior do C5 é espaçoso. E como a Citroen sabe, muito bem, que os que hoje rejeitam os monovolumes como o diabo foge da cruz, choram baba e ranho de saudades porque os SUV da moda estão mais perto das carrinhas que dos MPV, o C5 é um regalo nesta matéria.

Há cinco lugares individuais com regulação individual (avanço, recuo e reclinação). Os bancos parecem demasiado planos, mas rapidamente percebemos que são muito confortáveis e acolhedores. Os bancos Advanced Comfort são feitos com espuma mais suave nas zonas de suporte e nas costas, mas a base tem espuma mais densa para nos manter no sítio certo durante longos trajetos.

A flexibilidade de fazer deslizar os três bancos traseiros em calhas permite que haja muito espaço para as pernas e uma bagageira generosa.

No mínimo, são 460 litros! Mas se avançar os bancos – imagine que leva três crianças – pode chegar aos 720 litros. E, se rebater os bancos, fica com 1510 litros! E se precisar de esconder alguma coisa ou guardar alguma coisa molhada, pode contar com os dois pisos da bagageira para isso mesmo.

Mas porque a versatilidade é uma característica importante, a consola central tem um enorme porta luvas que leva a capacidade total de todos os espaços de arrumação para 33 litros. O C5 Aircross tem carregamento por indução e ligação Android Auto e Apple CarPlay. E aqui tenho de dizer que a Citroen tem de rever as ligações, pois nem sempre tudo funciona como deve ser.

Outra coisa que deverá ser revista é a forma de funcionamento do ecrã sensível ao toque, pois como tudo é controlado através dele, muitas vezes a “coisa” não funciona e alternar entre ecrãs não é tão fluído como em outros modelos da PSA. Será devido ao processador? Também não gostei muito dos botões de função que poderiam ser de maior qualidade.

Talvez porque ter três bancos individuais, os amortecedores com batente hidráulico e os bancos Advanced Comfort, o C5 acabou por ser pensado com alguns compromissos. Sim, todos os automóveis têm um plano de viabilidade económica e, habitualmente, a “manta” é sempre curta.

Por isso não estranha que alguns materiais não sejam tão bons como, por exemplo, num Peugeot 3008 e que algumas zonas tenham mesmo plásticos mais duros. Porém, honra seja feita, nunca lhes vai tocar e se ninguém lhe disser onde estão não vai dar por isso. 

O painel de instrumentos é totalmente digital, o C5 Aircross tem uma câmara que grava, automaticamente, no evento de uma travagem violenta, as imagens durante 30 segundos e envia para o seu smartphone. O que é muito prático em caso de acidente para se perceber o que sucedeu.

Só para sublinhar que o C5 Aircross, apesar do estilo não é um SUV desportivo, os grafismos, exclusivos da Citroen, não têm, na personalização que admitem, estilo desportivo, apenas estilístico e com prioridade à eficiência.

Mecânica híbrida, mas só com 4×2

A maior novidade do C5 Aircross é a mecânica híbrida que promete menor consumo, autonomia em modo 100% elétrico e uma suavidade interessante. Mas o C5 Aircross não tem direito a usar o sistema mais dispendioso que é usado no Peugeot 3008 e no Opel Grandland X Hybrid, que coloca um motor elétrico no eixo traseiro e oferece a tração integral. Desde que haja carga na bateria, claro.

O sistema híbrido une um motor 1.6 litros com 181 CV e 300 Nm de binário a um único motor elétrico com 110 CV e 320 Nm de binário. Contas feitas, o sistema debita 225 CV e 360 Nm. 

A bateria tem uma capacidade de 13,2 kWh, suficiente para uma autonomia sob protocolo WLTP de 50 km (60 km em modo NEDC). A Citroen reclama um consumo de 1,8 l/100 km e emite 39 gr/km de CO2. Pesa 1770 kg, valor inflacionado pela bateria que pesa 340 kgs.

Dizer que o tempo de carga da bateria, são precisas 7 horas numa tomada convencional, 4h15m numa tomada de 14 amperes e menos de 2 horas numa “Wallbox” de 7,4 kWh. Se a “Wallbox” for de 3,7 kW o tempo de carga é de 3h50m. O C5 Aircross Hybrid não pode ser carregado nas estações de carregamento rápido.

Ora, a autonomia elétrica ronda os 46 km, o que não é nada mau. Porém, se o seu percurso pendular incluir muita autoestrada este valor apurado encolhe para menos de 40 km.

Quanto ao consumo, não consegui chegar aos valores anunciados, mas o computador de bordo devolveu-me, após pouco mais de 100 km, um consumo de 2,8 l/100 km com 42 km em modo 100% elétrico. Sem a ajuda elétrica, ou seja, sem movimento 100% elétrico, o consumo subiu até aos 6,4 l/100 km, perfeitamente razoável. Mas se tiver de enfrentar uma autoestrada sem ajuda elétrica, o consumo chega aos 8 litros por cada centena de quilómetros. Dai que é essencial, como em todos os híbridos Plug In, ter a bateria sempre carregada.

Claro que tal como nos outros modelos que utilizam este sistema híbrido Plug In, há vários modos de condução (Hybrid, Electric e Sport) e uma posição B na caixa que permite recolher e armazenar energia vinda da travagem e da desaceleração.

E como é o C5 Aircross em estrada?

Para lá do extraordinário conforto, o C5 Aircross destaca-se pelo refinamento. No modo 100% elétrico, o carro junta o refinamento e o conforto a uma suavidade e silêncio assinalável. Tenho de dizer que nestas condições, e desde que a estrada não seja absolutamente esburacada, há poucos carros tão confortáveis como o C5.

Quando o motor térmico tem de dar o seu contributo, a insonorização é ótima e o carro continua a ser um “tapete voador” no que toca ao conforto.

A travagem sofre com o problema de todos os modelos eletrificados, ou seja, alguma inconsistência em termos de sensibilidade e de curso do pedal, mas é algo a que começamos a habituar-nos.

Os sistemas de ajuda à condução permitem relaxar um pouco, pois o cruise control tem radar e o sistema tem, também, “stop and go”, ou seja, acompanha o tráfego. Funciona bem e suavemente, o que é uma boa nova. Travagem de emergência autónoma também ajuda nesta “festa” tecnológica.

A direção muito leve é uma bênção em cidade e nas manobras de estacionamento, mas em andamento há que ter algum cuidado. Isto porque podemos, sem dificuldade, exagerar a força no volante e isso leva a uma saída de frente. Mesmo que exista uma boa aderência no eixo dianteiro, um exagero acaba por fazer a frente ceder.

Se formos cuidadosos e tranquilos sem atirarmos os mais de 1700 kgs de peso do C5 Aircross de um lado para o outro, tudo decorre sem problemas e até é possível manter um ritmo interessante que os 225 CV permitem.

E aqui, tenho de regressar ao ensaio do Opel Grandland X. Se nesse ensaio disse que os 300 CV eram demais para o Opel, estes 225 CV são perfeitos para o que se pretende do C5 Aircross.

O que é que eu penso sobre o C5 Aircross Hybrid?

Se é um apaixonado pela condução, este Citroen não o vai satisfazer, pois não é essa a sua missão. É um automóvel refinado, confortável, suave e que apela a uma condução descontraída e tranquila. O Citroen C5 Aircross Hybrid está apontado ao consumidor alvo dos SUV e crossover: espaço interior, boa bagageira, estilo disruptivo e impactante e a versatilidade pela qual suspiram os que renegam os monovolumes. Está bem equipado, tem um estilo sedutor e é impressionantemente confortável, com boa habitabilidade. Tem defeitos, claro que os tem, mas no conjunto é um excelente SUV que merece ser considerado se estiver a pensar comprar um SUV. 

Ficha técnica

Motor: 4 cilindros em linha, injeção direta, turbo; Cilindrada (cm3): 1598; Potência máxima (CV/rpm): 181/5500; Binário máximo (Nm/rpm): 300/3000; Transmissão: dianteira com caixa automática de 8 velocidades; Direção: Pinhão e cremalheira assistida eletricamente; Suspensão (ft/tr): McPherson/independente, eixo multibraços; Travões (fr/tr): Discos vent/discos; Aceleração 0-100 km/h (s): 8,7; Velocidade máxima (km/h): 225 (135 modo elétrico); Consumo (l/100 km): 1,4; Emissões CO2 (gr/km): 32; Dimensões e pesos Comprimento/Largura/Altura (mm): 4500/1969/1689; Distância entre eixos (mm): 2730; Largura de vias (fr/tr mm): 1579/1630; Peso (kg): 1770; Capacidade da bagageira (l): 460/1510; Deposito de combustível (l): 43; Capacidade da bateria (kWh): 13,2; Pneus (fr/tr): 205/55 R19; Preço da versão base (Euros): 39.117; Preço da versão ensaiada (Euros): 43.247 (Shine)

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