
Ensaio Hyundai i20 1.2MPi Comfort: que pena este motor…
19/03/2021
A evolução da Hyundai continua a impressionar e a cada geração dos seus modelos, a casa coreana supera-se e coloca algo mais no muro de excelência dos seus produtos. Com o i20 passa-se exatamente isso. É um carro inteligente, com um estilo disruptivo, mas sedutor, competente e agradável de viver. Acredito que com o motor 1.0 TGDI com 100 CV seja um carro ainda mais interessante. Agora com este motor 1.2 MPI com apenas 82 CV… quase me fez chorar!
- A Favor – Habitáculo, tecnologia, comportamento
- Contra – conforto, alguns materiais
Teria sido fácil penalizar o i20 apenas e só pelo motor. Foi este o carro que a Hyundai Portugal me entregou para ensaio e não virei a cara ao desafio. Mas digo-lhe, desde já, caro leitor, que este não é o melhor motor para o i20. Mas, vamos lá conhecer o novo i20.

UM ESTILO TOTALMENTE DIFERENTE
Perante a vaga de novidades no segmento, a Hyundai cuidou de fazer um carro que se destacasse da multidão. Pegou na nova linguagem de estilo a que chama “Sensuous Sportiness” e aplicou-a ao seu utilitário.
Logo à partida é muito mais impactante que o anterior. Contudo, se está a pensar que acho o anterior i20 feio, está redondamente enganado. Era um carro equilibrado, mas monótono pela falta de arrojo. Que neste i20 não falta!
E aqui tenho de lhe dizer que a Hyundai está a mudar o foco: no passado a preocupação estava na praticabilidade, fiabilidade e juntar valor ao preço pago pelo veículo, sendo o estilo a menor preocupação. Hoje, a Hyundai já mostrou que sabe fazer carros e tem a tecnologia necessário e mudou o foco para o estilo, interiores tecnologicamente avançados. Agora, sim, a Hyundai quer que você goste dos seus automóveis, não pela garantia que oferece – que não é negligenciável! – nem pela praticabilidade, mas sim pelo valor global do carro.
Por isso mesmo é que a Hyundai diz que o i20 tem um “estilo dinâmico”, ou seja, oferece valor emocional. O que torna o i20 um carro sumarento!
Linhas tensas fazem parte do estilo do novo i20 e a verdade é que o carro sedutor. A frente é agressiva com um olhar mauzão desenhado pelos faróis e pela grelha hexagonal. Os nichos dos faróis de nevoeiro são triangulares e fazem “pandam” com a grelha inferior.
A frente desce de forma abrupta, dando ao i20 um corpo em cunha cuja traseira é fechada com um grupo ótico que tem uma barra luminosa a lugar os dois farolins. O para choque é nervurado e a zona preta a envolver o óculo traseiro. Contas feitas, a postura do i20 é musculada e parece pronto a saltar para diante.

E COMO É O NOVO I20?
Desde logo é um carro maior que o anterior. Tem mais 10 mm de distância entre eixos, tem mais 30 mm de largura e mais 5 mm de comprimento. A única dimensão que encolheu foi a altura. E de forma generosa! São menos 24 mm.
Este rácio de dimensões oferece duas coisas: mais espaço interior e uma postura mais musculada. E a Hyundai rendeu-se e não fez regressar o i20 Coupé porque, na realidade, são muito poucas as pessoas a comprar carros com apenas duas portas.
A Hyundai teve como ponto de partida uma folha branca que tinha no topo duas ideias: o i20 teria de ser seguro e conectado.

E O QUE DIZER DO INTERIOR DO I20?
Desde logo, impactante! Todos os i20 têm um ecrã de 10,25 polegadas como painel de instrumentos. O estilo dos grafismos é simples, legíveis e de muito bom gosto. Sim, é verdade que não é dos mais personalizáveis, mas todas as funções são fáceis de alcançar e de utilizar.
O volante é novo, não é a minha taça de chá em termos de estilo, mas enquadra-se bem no ambiente criado dentro do i20. Mesmo que me pareça que os plásticos do volante sejam demasiado pobres face a tudo o que está dentro do Hyundai.
O equipamento Comfort oferece o ecrã de 10,25 polegadas para o sistema de info entretenimento. Que oferece novos grafismos, muito agradáveis á vista, sendo o sistema todo ele muito fácil de usar com todos os menus a terem lógica.
Claro que está disponível com Andoid Auto e Apple Carplay.
O sistema “Bluelink” é outra das mais valias do i20 e como a versão 1.2 MPI só tem o nível Comfort, não há este sistema que nos modelos de topo é oferecido de série. O ar condicionado é manual, mas nas versões acima têm comando automático totalmente diferente e com aspeto futurista.
Enfim, o interior do i20 está bem desenhado e os dois ecrãs gigantes fazem a diferença. Infelizmente, há alguns materiais dentro do i20 que não fazem jus ao carro. Há demasiados plásticos duros (como no volante por exemplo) que não colocam, porém, em causa a qualidade de montagem do interior e a qualidade geral. Até porque o carro parece-me bastante sólido. Mas no capítulo da qualidade, no limite percecionada, o i20 não faz melhor que os rivais.

Quanto à habitabilidade, o i20 usa a sua boa arrumação interior e os 10 mm mais na distância entre eixos para oferecer mais espaço para os ocupantes. O banco traseiro tem amplo espaço para duas pessoas (a terceira tem mais dificuldades), têm direito a uma tomada USB e espaço suficiente para arrumar as pernas. Verá que ninguém vai estar a roçar com os joelhos nas costas do banco ou a dar-lhe guinadas nas costas a cada mudança de posição.
Outra vantagem do i20 face aos rivais está na bagageira: o Hyundai impressiona com os 351 litros que oferece. É um excelente argumento!
Quanto ao equipamento, destaco, entre outras coisas já referidas, travagem autónoma de emergência, sistema de manutenção na faixa de rodagem e o alerta de arranque do veículo dianteiro.

E COMO É O I20 AO VOLANTE?
Já lhe vou falar do motor. Porque não o quero induzir em erro, prefiro falar já do comportamento e mais tarde do motor.
No seguimento da mudança de foco da Hyundai, além do estilo impactante, a casa coreana trabalhou para tornar o i20 mais emotivo na condução. E a verdade é que a Hyundai conseguiu: o carro é giro de levar aos limites, com uma direção direta que permite controlar as pequenas derivas da traseira, mesmo que não transmita nenhuma informação sobre o que as rodas estão a fazer. A verdade é que o carro se mostra ágil, muda de direção com facilidade e deixa água na boca para a chegada da versão N. Se com 84 CV é assim, o que será com o dobro ou mais!
É verdade que o conforto não é de primeira água, mas tudo se resume ao facto do carro ter jantes grandes que prejudicam um nadinha o conforto. Mas nada que seja absolutamente reprovável.
E agora… o motor. Há mercados que não usam este motor, em Portugal está disponível. Foi o carro que a Hyundai Portugal disponibilizou, mas acredito que este não será o modelo mais vendido. Longe disso!
O motor é uma unidade antiga com injeção multiponto e nem sequer tem o sistema híbrido ligeiro de 48 volts. Tem apenas 84 CV e 118 Nm de binário. Portanto, para conseguir andar qualquer coisa é preciso ganhar balanço e por isso é que posso dizer que o i20 rem um excelente comportamento.
Quanto às performances… quer mesmo saber? Bom, dos 0-100 km/h leva… 13,1 segundos. Acho que não vale a pena dizer mais nada… Quanto aos consumos, o registo é simpático com uma média final de 6,8 l/100 km.

O QUE É QUE EU ACHO DO HYUNDAI i20?
Gostei. Muito! O i20 é uma melhoria imensa face ao anterior modelo, tem um aspeto moderno, musculado e com um interior agradável, bem equipado – em termos de segurança e de ajudas ao condutor – e espaçoso, além de uma bagageira generosa.
O comportamento é excelente e só é pena o motor. O i20, com a campanha de financiamento Cetelem, custa 15 mil euros. Um excelente valor (o carro sem a campanha custa 16.500 euros) para aquilo que oferece.
Mas os 16.805 euros que custa a versão 1.0 TGDI, que podem cair para 15.800 euros, fazem com que, uma vez mais, a opção pelo motor de 100 CV seja a correta.
Contas feitas, esquecendo o motor, o i20 tem nota máxima. Mas como não conheço o i20 com o motor certo, o 1.0 TGDI com hibridização ligeira de 48 volts, a nota fica um pouco abaixo. Lamentavelmente.
Ficha técnica
Motor: 4 cilindros em linha, injeção indireta; Cilindrada (cm3): 1197; Diâmetro x Curso (mm): nd; Taxa de Compressão: nd; Potência máxima (CV/rpm): 84/6000; Binário máximo (Nm/rpm): 118/4000; Transmissão: dianteira com caixa manual de 5 velocidades; Direção: Pinhão e cremalheira assistida eletricamente; Suspensão (ft/tr): McPherson/eixo de torção; Travões (fr/tr): Discos/tambores; Aceleração 0-100 km/h (s): 13,1; Velocidade máxima (km/h): 173; Consumo (l/100 km): 5,3; Emissões CO2 (gr/km): 120; Dimensões e pesos Comprimento/Largura/Altura (mm): 4040/1750/1450; Distância entre eixos (mm): 2580; Largura de vias (fr/tr mm): 1520/1519; Peso (kg): 988; Capacidade da bagageira (l): 351; Deposito de combustível (l): 40; Pneus (fr/tr): 195/55 R17; Preço da versão base (Euros): 16.500 (preço com campanha: 15.000 euros)










