Ensaio Kia e-Niro 64 kW: o SUV que tira o pé do travão à compra de carro elétrico

Ensaio Kia e-Niro 64 kW: o SUV que tira o pé do travão à compra de carro elétrico

29/04/2021 0 Por Autoblogue
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A oferta do Niro é uma espécie de antibiótico de largo espectro e depois de oferecer um modelo híbrido e um híbrido Plug In agora tem uma proposta 100% elétrica. Ou seja, só não é amigo do ambiente se não quiser. Além disso, é dos modelos com propulsão elétrica que o ajuda a retirar o pé do travão à compra de um carro elétrico.

Rating: 4 out of 5.
  • A Favor – Autonomia, Habitabilidade, Refinamento
  • Contra – Dosagem da travagem, autonomia em autoestrada, tempos de recarga

O Niro nasceu como carro ecológico e nunca conheceu outras versões que não fossem eletrificadas sendo um crossover de tamanho familiar. As variantes híbrida e híbrida Plug In são muito interessantes, mas esta versão 100% elétrica pertence a outra estirpe.

Sem lhe contar nada sobre o carro, posso dizer-lhe que se é daqueles que ainda é profundamente cético face à mobilidade elétrica, este é o carro que o vai ajudar a mudar de ideias.

Se é daqueles que abraçou a ideia de conduzir carros elétricos, o Kia e-Niro vai servir-lhe que nem uma luva e pode “esfregar” na cara dos amigos que é um amigo do ambiente.

Face aos outros modelos eletrificados do Niro, a versão 100% elétrica tem poucas diferenças. A grelha dianteira fechada inclui a portinhola que tapa as tomadas do carregador. Depois, há uma série de pequenos vivos em azul que lhe dão um aspeto distinto. O resto fica igual.

Para lá desta sua função de ajudar a salvar o planeta, o e-Niro funciona como um competente familiar. É um carro que lhe oferece a possibilidade de se mover com eletricidade sem que fique tudo a olhar para si porque vai ao volante de uma nave espacial.

Ou seja, o e-Niro é um carro 100% elétrico e tem como objetivo reduzir as emissões de gases poluentes, mas assegura ser um crossover prático como uma carrinha. Brilhante!

E como é o Kia e-Niro?

É um carro com tração dianteira e uma caixa de uma velocidade que oferece, pela primeira vez na Kia, o comando da caixa rotativo. E que funciona bem, tenho de dizer.

Situado entre o Ceed e o Sportage, o e-Niro tem dimensões familiares e em Portugal é oferecido apenas em duas versões, a que correspondem dois tamanhos de bateria. Este ensaio é feito com a variante com bateria de 64 kWh, que oferece um equipamento muito completo. A diferença de preço entre uma e outra é sensível (7.600 euros) cuja promoção da Kia permite mitigar. A autonomia é de 455 km, segundo o protocolo WLTP.

E o interior é muito diferente?

Não é muito diferente dos outros Niro híbridos. É verdade que temos o comando rotativo da caixa, mas o resto faz parte deste nível de equipamento, como o ecrã de 10,25 polegadas sensível ao toque com Apple CarPlay e Android Auto.

A Kia ainda não aderiu aos botões sensíveis ao toque nem á tendência do minimalismo no que toca à questão minimalista do tabliê.

A habitabilidade é imensa dentro do e-Niro, ou seja, é um verdadeiro carro de família com vários espaços de arrumação, muito espaço para os passageiros arrumarem as pernas e no banco traseiro cabem, tranquilamente, três pessoas.

Pequeno detalhe: devido às baterias situadas no fundo do carro, se quem viajar atrás tiver necessidade de colocar os pés debaixo dos bancos dianteiros… não consegue. Não haverá grande problema, mas fica o detalhe.

Onde também não falta espaço é na bagageira: são 451 litros de capacidade o que significa que face ao Niro híbrido (cujas baterias estão colocadas por baixo da bagageira) tem mais 127 litros de capacidade! E para que os canos não andem à solta, há por baixo um nicho onde eles ficam arrumados e longe da vista.

E como é ao volante?

Definitivamente, a autonomia é um dos maiores argumentos do e-Niro e se tiver um percurso pendular casa-trabalho-casa com um par de quilómetros extras para o supermercado ou para um cinema ou teatro – vão ao teatro e ao cinema e a espetáculos, por favor! ajudem os artistas e os técnicos – chega e sobeja. 

Aliás, arrisco-me a dizer que 99% dos percursos que faz durante o ano cabem dentro da autonomia superior aos 450 km do e-Niro. 

Já agora, com esta autonomia pode ir até ao Algarve molhar os pés, ir ao Porto comer uma francesinha ou à Serra da Estrela dar uns “bate cú” que o e-Niro leva-os lá. E se usar o sistema de navegação ou as informações sobre os carregadores rápidos disponíveis, conseguirá fazer tudo com uma paragem de meia hora para um café, um xixi ou outra coisa qualquer que lhe aprouver.

É que a Kia não foi gananciosa e homologou aquilo que o carro faz! As diferenças entre o mundo real e o universo da homologação são curtas e isso oferece enorme confiança, pois aquela ansiedade “aí que a bateria não chega” desaparece de forma instintiva.

Outra coisa que me impressiona no e-Niro é a capacidade de regeneração de energia desperdiçada na travagem. Ajuda a manter os níveis de carga da bateria e torna o carro divertido, até porque tem 204 CV que oferecem uma boa dinâmica ao e-Niro.

Por trás do volante está um par de patilhas que aumenta ou diminui a potência de regeneração do sistema. Quando está no máximo pode esquecer o pedal de travão, tal a capacidade de desacelerar o carro. No mínimo, faz o carro deslizar suavemente o que é primordial para manter o consumo de energia no mínimo.

Tudo isto faz a diferença e vai levá-lo a uma aprendizagem interessante. Descobrir qual o montante de regeneração é que precisa para não usar o pedal de travão ou manter o carro em movimento sem grande esforço, será o segredo para uma utilização satisfatória do e-Niro.

Sobre o comportamento, convirá lembrar, primeiro, que o carro pesa perto de 1800 kgs, arrasta um peso único de 450 kgs do pacote de baterias. Por isso mesmo, o e-Niro tem molas e amortecedores mais duros que os Niro híbridos e é um nadinha mais saltitão. Curva de forma satisfatória graças à maior dureza dos conjuntos mola/amortecedor, mas tem uma direção leve, mas sem sensibilidade. 

Enfim, cumpre a sua missão sem distinção, mas sem defeitos. Tem três modos de condução (Eco, Normal e Sport), mas convém não mexer muito para reservar a bateria. A velocidade máxima está limitada aos 170 km/h e vai dos 0-100 km/h em 7,5 segundos, um valor respeitável.

O que é que eu penso do Kia e-Niro?

Em primeiro lugar, este é o Niro que deve comprar caso deseje ter um SUV ou crossover eletrificado. Sim, a diferença de preço é grande, mas se o comprar através da empresa, fica mais acessível. Depois, o e-Niro consegue ser minimamente divertido de conduzir com o jogo das patilhas e da regeneração a ocupar-nos ao longo da viagem. Finalmente, o e-Niro é um verdadeiro carro de família com muito espaço e uma generosa bagageira. Sim, infelizmente é um pouco duro e o conforto pode ressentir-se disso. Finalmente, o maior problema do e-Niro reside na muita concorrência existente no mercado. Mas não tenho problema em dizer que o Kia e-Niro é um dos melhores modelos elétricos que já conduzi, sendo um verdadeiro carro familiar. E com tamanha autonomia a ansiedade já não é um problema!

Ficha técnica

Motor: elétrico síncrono; Cilindrada (cc): na; Potência máxima (CV/rpm): 204/3800 – 8000; Binário máximo (Nm/rpm): 395/0-3600; Transmissão: dianteira; Direção: Pinhão e cremalheira assistida eletricamente; Suspensão (ft/tr): independente tipo McPherson/Independente duplo triângulo; Travões (fr/tr): Discos ventilados/discos; Prestações e consumos Aceleração 0-100 km/h (s): 7,8; Velocidade máxima (km/h): 167; Consumos (kWh/100 km): 15,9; Emissões CO2 (gr/km): 0; Dimensões e pesos Comp./Lar./Alt. (mm): 4375/1805/1570; Distância entre eixos (mm): 2700; Largura de vias (fr/tr mm): 1576/1585; Peso (kg): 1791; Capacidade da bagageira (l): 451/1405; Bateria (kWh): 64; Pneus (fr/tr):215/55 R17; Preço da versão ensaiada (Euros): 49.500; preço promocional com desconto de 6.750 euros: 41.750

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