Sabe porque é que a Mercedes e Lewis Hamilton ganharam o GP de Portugal?

Sabe porque é que a Mercedes e Lewis Hamilton ganharam o GP de Portugal?

05/05/2021 0 Por Autoblogue
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Max Verstappen saiu de Portugal com uma enorme azia porque acreditava que a “montanha russa” algarvia iria verter em favor do seu Red Bull RB16B. As coisas correram mal e o holandês ficou em segundo. Mas, qual foi a razão para a Mercedes ganhar?

Olhando para as declarações de Toto Wolff e Hemut Marko, os dois homens nascidos na Áustria e líderes da Mercedes e da Red Bull, respetivamente, encontramos a fotografia deste início de temporada. O RB16B é mais rápido que o W12 dois décimos de segundo. 

Ambos concordam, os dados de GPS dizem o mesmo e o resultado misto dos dois primeiros GP da temporada sublinham essa diferença. Ora, em Portimão, as rápidas mudanças de direção e as subidas e descidas eram favoráveis ao RB16B e Max Verstappen estava convencido que seriam “favas contadas”. Mas… nestas coisas, há sempre um “mas”.

Após as qualificações ficamos todos de sobrolho levantado. A Mercedes ficava com a primeira fila da grelha e Verstappen ne sequer se aproximou do tempo de Bottas. Pensava-se que na corrida o holandês seria capaz de dar a volta ao texto e com um excelente arranque “enganou” o campeão do Mundo. Parecia que tudo estava a encaminhar-se para o resultado final que todas as antevisões indicavam.

Puro engano! Lewis Hamilton deu um recital de pilotagem e a Red Bull saiu de Portimão sem petiscar nada, pois a Mercedes ganhou e Hamlton fez a volta mais rápida.

Olhando a folha de resultados do fim de semana havia apenas uma conclusão: a Mercedes tinha feito o trabalho de casa e, certamente, tinha trazido para Portugal peças novas que anularam a diferença para a Red Bull. Mas não pode estar mais errada essa conclusão!

Em primeiro lugar, os já famosos e cada vez mais controversos limites de pista – por alguma razão os americanos marimbam-se nisso para evitar polémicas com regras simples – ofereceram a “pole position” e a primeira fila da grelha à Mercedes.

Verstappen fartou-se de andar para lá dos corretores (o muito asfalto existente antes da gravilha é altamente sedutor) e quando chegou a hora de lutar pela pole, teve de se conter e mesmo assim perdeu os tempos mais rápidos.

A própria Mercedes reconhece isso, portanto não é um “wishfull thinking”, é uma realidade: a Red Bull perdeu a “pole position” devido aos limites de pista. E perdeu a volta mais rápida exatamente pela mesma razão.

Quando Valtteri Bottas foi às boxes para colocar pneus macios para tentar a volta mais rápida, a Mercedes ofereceu a Verstapen a janela de tempo necessária para responder. Como Sergio Perez estava longe, incapaz de incomodar Bottas e Verstappen não tinha chances de chegar à vitória, a Red Bull parou o holandês, deu-lhe pneus macios novos e a missão: fazer a volta mais rápida. Fê-lo, mas abusou dos limites de pista mais que uma vez e os comissários anularam o tempo.

Portanto, a derrota da Red Bull não significa que a Mercedes melhorou espetacularmente. Nada disso! Até porque durante a corrida, a diferença entre Lewis Hamilton e Max Verstappen andou entre os 0,4 e 0,6 segundos por volta para o britânico.

O holandês foi caustico e no final da corrida disse que “Portimão já não era a nossa melhor pista o ano passado. Não sei porquê. É um lugar estranho, tem pouca aderência. Talvez a Mercedes saiba andar aqui e nós não.” E depois disse alguns disparates. “Espero que a F1 não regresse a Portimão. Barcelona sim, é uma pista para a Fórmula 1!” Enfim…

Já Lewis Hamilton tentou justificar o sucedido dizendo que “a Red Bull perdeu velocidade, porque nós não ganhamos praticamente nada.” A razão? “Não faço ideia…”

Curiosamente, antes da chegada a Portugal, o fosso entre a Red Bull e a Mercedes deveria ter-se alargado: a equipa de Milton Keynes trouxe para Portugal um novo pacote aerodinâmico com alterações na asa da frente, nos complexos pontões laterais, no fundo plano e no difusor traseiro. Um pacote que estava já previsto ser estreado em Portugal. A verdade é que os rapazes de Adrian Newey acabaram por descobrir que a passagem dos computadores para a realidade não foi linear e o pacote aerodinâmico não funcionou bem. 

Por isso mesmo, Sergio Perez usou o pacote todo o fim de semana (e ficou longe de Verstappen e na corrida não foi particularmente rápido e acabou prejudicado por ter estado demasiado tempo em pista com os mesmos pneus) enquanto que Verstappen não usou a asa da frente. Ou seja, a vantagem esperada diluiu-se com esta adversidade.

No outro lado da barricada, a Mercedes não levou nada para Portimão, exceto uma ligeira atualização na asa traseira que Hamilton descartou rapidamente. Bottas usou a nova asa, mas as diferenças foram mínimas.

Portanto, recapitulemos: não houve diferenças sensíveis em termos de evoluções dos carros que promovessem desequilíbrios de performance e os pneus também não influenciaram a contenda. Então, como é que a Mercedes dominou o GP de Portugal?!

Dizem os observadores que o grande problema da Mercedes está na gestão dos pneus traseiros. As alterações regulamentares feitas ao fundo plano tornaram a Mercedes vulnerável. A equipa de Toto Wolff foi controlando essa dificuldade, mas só ganhou porque Verstappen ainda pensa pouco as coisas que faz em pista e ultrapassou fora de pista Lewis Hamilton. E não vale a pena discutir mais o assunto: as regras foram claras no “briefing” de pilotos e o holandês sabia bem disso e por essa razão não elevou muito a voz. 

A pista de Portimão tem um asfalto liso que não estraga os pneus e que permite andar ao ataque da luz à bandeira. Foi por isso que Sergio Perez andou tanto tempo com os pneus intermédios e os macios duravam o dobro do que estava previsto.

Ora, quando todos deram o favoritismo à Red Bull, olvidaram – mea culpa! – o asfalto do Autódromo Internacional do Algarve veio nivelar as coisas e a Mercedes deixou de ter problemas. E os dois décimos de desvantagem… desapareceram! O vento também ajudou, pois, o Red Bull tem mais “rake”, ou seja, tem uma traseira muito elevada e isso pode ter perturbado o RB16B. Talvez…

Dois momentos preocuparam a Mercedes: quando Hamilton rodou atrás de Bottas e as temperaturas subiram e ameaçaram a corrida do campeão do mundo e o mesmo aconteceu atrás de Verstappen.

Nestas duas ocasiões, a Mercedes percebeu que o que paga a Hamilton está justificado: com uma exibição fantástica, ajoelhou Verstappen depois deste o ter surpreendido e “despachou” Bottas com uma ligeireza fenomenal. No ar livre, a temperatura voltou ao normal e por isso mesmo, com pneus duros – os tais que a Pirelli dizia que ninguém ia usar – andou ali a disputar a volta mais rápida.

E com pneus que eram mais lentos mais de um segundo que os macios, Hamilton, quando informado que Bottas ia tentar a volta mais rápida, disse a Pete Bonnington “e nós, podemos entrar nesse jogo?!” Foi esta a confiança que deu ao campeão do Mundo mais uma exibição para lembrar, a 97ª vitória da carreira (este ano chega as 100 e às 100 “pole posiiton”) e juntou mais um tijolo no muro do oitavo campeonato que o pode colocar como o melhor piloto de todos os tempos.

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