Como será o Mundial de Ralis em 2022?

Como será o Mundial de Ralis em 2022?

10/05/2021 0 Por Autoblogue
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A “silly season” do Campeonato do Mundo de Ralis 2022 está em movimento e promete muito porque está tudo em aberto.

Estava tudo preso pela confirmação do envolvimento dos construtores na nova regulamentação híbrida que demorou a chegar para desespero de Andrea Adamo (Hyundai) e Jari-Matti Latvala (Toyota). E, também, de Malcolm Wilson que tendo na mão o contrato com a Ford para os próximos três anos, estava horrorizado com a possibilidade de ficar sozinho no Mundial com concreta possibilidade de perder o dinheiro da casa da oval azul.

A FIA anunciou que Hyundai, Toyota e Ford comprometeram-se com a nova regulamentação para os próximos três anos e soltaram-se as amarras da “Silly Season”.

Que “Silly Season”?!

Olhando para a formação da Hyundai e Toyota, alguém vislumbra mudanças? Já na Ford as coisas são diferentes. Há dinheiro da Red Bull e da Ford a chegar em 2022 e Malcolm Wilson poderá escolher um piloto de topo.

Adrian Fourmaux, piloto da M-Sport Ford

Adrian Formaux ainda está verde mesmo que o seu talento seja mais que evidente e Gus Greesmith é uma proposta comercial e não um líder. O francês é apoiado fortemente pela Red Bull – Wilson vai recuperar o investimento na formação do ex-estudante de medicina – e o ex-guarda redes sub 21 do Manchester City terá o apoio incondicional do pai.

Sobra Teemu Suninen. O finlandês paga à M-Sport e tem um programa parcial, começou com o pé esquerdo e foi retirado do carro para dar lugar a Fourmaux. Passou para o Fiesta Rally2 e para o WRC2. Mas não se pense que é uma pura despromoção.

Teemu Suninen, piloto M-Sport Ford

Malcolm Wilson e Richard Millener acreditam que Suninen poderá ser útil em 2022 e estar ao volante do Fiesta Rally2 é uma espécie de treino para 2022. 

Recordamos que o Rally1 (atual WRC) deixará de ter patilha de comando no volante e abandonará os diferenciais ativos. O Fiesta Rally2 (o R5) é muito semelhante ao que será o Rally1 exceto na potência.

Portanto, o finlandês deverá ser muito útil á M-Sport Ford. Então, qual será o piloto de topo que Malcolm Wilson vai escolher? É aqui que a “Silly Season” começa a ficar interessante!

E a chave para o mercado é… Elfyn Evans! Surpreendido?

O galês é um produto da M-Sport e de Malcolm Wilson. O filho de Gwyndaf Evans andou de mãos dadas com a formação de Cumbria e chegou a ganhar um Rali da Grã-Bretanha com o Fiesta WRC em 2017.

Quatro anos depois, Elfyn Evans está na Toyota e o ano passado uma saída de estrada no meio do gelo dos Alpes em redor de Monza roubou-lhe o título depois entregue a Sebastien Ogier. O mesmo piloto que o colocou na sombra dentro da M-Sport em 2017 (quando pilotou o Fiesta com os pneus DMack e ganhou na Grã-Bretanha) e 2018. 

Ogier foi fazer uma curta passagem de regresso à Citroen em 2019 e Evans manteve-se na M-Sport. O Fiesta não conheceu evolução sensível e Evans acabou por libertar-se do cordão umbilical com a M-Sport para 2020.

Tommi Makinen acolheu de braços abertos os serviços do galês juntando-o a… Sebastien Ogier. E na estreia com o Yaris WRC, o galês ganhou de forma clara na Suécia e fez um Mundial irrepreensível. Encurtado, é verdade, mas Evans provou fazer parte da elite e só uma placa de gelo nas estradas montanhosas em redor de Monza o atirou para fora da luta pela vitória conquistada por Sebastien Ogier.

Elfyn Evans (à esquerda) e Jari-Matti Latvala

O francês entendeu que o título de 2020 foi poucochinho e decidiu fazer mais um ano, para desapontamento de Elfyn Evans. E já se sabe que Ogier vai manter-se na Toyota e fará as provas que quiser apesar de não estar a tempo inteiro.

Evidentemente que Jari-Matti Latvala quer manter Evans na equipa, pois está “descalço”: Ott Tanak e Thierry Neuville já assinaram contratos longos (três anos) com a Hyundai e Ogier não quer fazer a temporada completa. Quem sobra? Exatamente… Elfyn Evans!

O galês ainda não discutiu a extensão de contrato com a Toyota, mas está sentado de cadeirinha à espera de Latvala. O finlandês tem no bolso Kalle “the next big thing” Rovanpera e o japonês Takamoto Katsuta. Mas… precisa de um nome com mais experiência e Evans é o que está à mão.

Kalle Rovanpera

Malcolm Wilson adorava ter nas suas fileiras Elfyn Evans. Elfyn Evans sabe que a M-Sport, quando muda o regulamento, tira do forno carros muito competitivos. Além disso, Evans conhece os cantos à casa e sabe como funciona Malcolm Wilson.

Quer isto dizer que Elfyn Evans tem na mão a chave do mercado. Porém…

Dificilmente Elfyn Evans abandonará a Toyota, mas acredito que vai escutar o que Wilson tem para lhe oferecer. E, no final, tudo dependerá do tamanho do cheque e neste caso, a mão de Jari-Matti Latvala é superior à de Malcolm Wilson.

Por outro, Malcolm Wilson tem estado a evoluir as instalações de Cockermouth, tem um centro de excelência de desenvolvimento e uma pista de ensaios.

E como disse acima, a M-Sport tem fama de lançar carros muito competitivos a cada mudança de regulamento, com Chris Williams a assumir as rédeas do desenvolvimento do novo carro híbrido.

Mas Tom Fowler, o responsável de projeto na Toyota Gazoo Racing e o homem que fez do Yaris um campeão do mundo, não deverá deixar de fazer um bom carro a partir do Yaris GR.

Enfim, a decisão não será fácil para Elfyn Evans. Mas o galês não está com pressa de tomar decisões, provavelmente para pressionar Latvala. O galês quer ter mais peso na equipa e quer que Jari Matti Latvala em caso de ter de tomar decisões, se incline para o seu lado e não para Ogier. 

Obviamente que há vários pilotos que estão a sorrir para Malcolm Wilson. O primeiro foi Sebastien Loeb que deixou claro que atenderia uma chamada do patrão da M-Sport caso este quisesse a sua colaboração no desenvolvimento do carro.

Outro foi Andreas Mikkelsen, atualmente a disputar o WRC2 com um Skoda Fabia Evo que puxou graxa a Malcolm Wilson dizendo “a M-Sport é a equipa certa para se estar em 2022!”

Não podemos descartar Esapekka Lappi. O finlandês esteve em 2020 ao volante de um Fiesta WRC pago pela… Citroen. O finlandês tinha mais um ano de contrato com a casa francesa quando esta tirou a ficha ao Mundial e teve de pagar o resto do contrato.

Portanto, Wilson teve um piloto de topo a custo zero de graça e tentou seduzir o finlandês a pilotar de graça em 2021. Lappi não quis, mas pode regressar em 2022, agora sendo pago.

Ainda temos na lista pilotos como Craig Breen, Dani Sordo, Haydon Paddon e Mads Ostberg. Todos eles têm vontade de regressar ao Mundial, mas não há cadeiras para todos. E, parece-nos, que nenhum deles tem a estaleca necessária para o desejo de Malcolm Wilson.

Até se pode ter oferecido, mas Loeb também já está em plano inclinado na sua carreira, pelo que as opções para o britânico são poucas. A não ser que Wilson faça um esforço maior, convença a Red Bull e faça o mesmo que em 2017 e convença Sebastien Ogier a fazer mais um ano a tempo inteiro.

Mas o cheque terá de ser grande para que o francês mude de ideias e tente o 9º título mundial caso consiga vencer este ano o campeonato com a Toyota. Possível? Sim, mas muito difícil.

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