
Primeiro ensaio Renault Kangoo Van: evolução notável
20/05/2021
Vou-lhe contar um segredo: os carros comerciais estão muito diferentes e este Kangoo é uma notável evolução que me deixou com um sorriso nos lábios.
Os carros comerciais já não são aqueles automóveis desconfortáveis, barulhentos, fumegantes e absolutamente incapazes de fazer mais que levar mercadorias de um lado para o outro.
Tive o privilégio de ser convidado pela Renault para, em representação do AUTOBLOGUE, experimentar o novo Kangoo Van. Tenho de dizer que foi uma agradável surpresa e entre salinas, percurso em estrada muito interessante e estradas de terra onde a paródia disse presente, o Kangoo Van surpreendeu e a Renault mostra que não perdeu o jeito para fazer comerciais.
A casa francesa está a começar a levantar-se do torpor que a invadiu quando Carlos Ghosn foi preso. Se a história de Uderzo fosse real, a aldeia gaulesa irredutível seria a Renault sempre com medo que o céu lhes caísse em cima…
Nos comerciais ligeiros, a Renault tem navegado na liderança e por isso ao renovar o Kangoo, teve de olhar em redor e perceber que os rivais se agigantaram. Bastou olhar para o Citroen Berlingo, Peugeot Partner, Opel Combo ou o VW Caddy e perceber que a evolução não podia ser pequena.

E aqui estamos a falar sobre o novo Kangoo Van, um carro que vem tomar o lugar de um automóvel que teve a segunda geração em… 2007. Pois é passaram 14 anos, portanto.
É uma verdadeira evolução que começa desde logo pelo estilo. Fora com os olhos esbugalhados, com as cavas das rodas pequenas com os arredondados.
Bem-vinda frente trabalhada e agressiva com a assinatura luminosa da Renault, cavas das rodas generosas, uma lateral limpa com ombros bem vincados. Enfim, o Kangoo deixou de ser o patinho feio para parecer um cisne. Parabéns Renault!
E ainda reserva uma surpresa. “Abre-te sésamo!” Sim, se comprar o seu Kangoo com o “Sesame Open” não tem pilar B no lado direito do carro, fica com um acesso gigantesco com a porta dianteira a abrir a 90 graus e a porta de correr para trás. Verdadeiramente útil e que recomendo experimente quando for ao concessionário ver o Kangoo.

O interior também recebe melhoria assinalável, nomeadamente em termos de tecnologia, autorizada pelo uso da plataforma CMF, a mesma do Scénic, por exemplo. Grande salto de qualidade!
Depois, você que passa horas ao volante, passada a porta que abre a 90 graus, tem direito a um banco corretamente formado, com espuma confortável e com amplas regulações em altura, costas e longitudinalmente. E para melhorar a coisa, o volante regula em altura e profundidade.

Mas… há sempre um mas… a Renault esqueceu-se de acolchoar ou plastificar o apoio de braços. O plástico é duro e incomoda. Sei que a versão de passageiros terá os mesmos encostos de braço acolchoados. Amigos da Renault, não custa nada colocar esses elementos. É que a malta destes carros anda dentro deles muito tempo. Vá lá, não deve custar assim tanto e mais 100 ou 200 euros ninguém se queixará.
A visibilidade para diante é boa, lateral nem por isso, por duas razões. Primeiro porque o carro está todo fechado e depois porque os pilares A são um nadinha grossos.
O que é uma pena porque a Renault oferece uma camara de visão traseira que substituiu o espelho interior (inútil face à inexistência de vidros e com uma antepara pelo meio) de forma perfeita e ajuda muito na segurança.
Este primeiro ensaio foi feito ao volante de uma versão diesel 110 CV, mas a Renault tem uma Kangoo com motor a gasolina com 130 CV.
Vou lhe dizer o seguinte: com este motor fica com um Kangoo GTI! E já lhe explico porquê…
Para um carro comercial que faça muitos quilómetros, a opção turbodiesel contnua a ser a melhor. Não experimentei o Kangoo com motor a gasolina, com o bloco diesel já é bem rapidinho e fazer as delícias dos estafetas e das empresas de entregas rápidas.

A não ser que a empresa compre uma das versões Ecoleader, limitadas aos 110 km/h.
Lembra de ter lido acima que com o motor de 130 CV, o Kangoo era um GTI? A plataforma CMF oferece um comportamento muito bom. E lembra também de ter lido que andei por salinas e estradas de terra.
Em alcatrão, o Kangoo anda ligeirinho e autoriza velocidades em curva pouco habituais num comercial. É verdade que o carro tinha peso na traseira, mas não demasiado, e por isso fiquei absolutamente boquiaberto com o que é capaz de fazer.
E agora que ninguém nos ouve… nos estradões de terra… wow! Diversão pura. Imagino como será com o 130 CV! Por isso disse que será um Kangoo GTi!
Ainda por cima, a Renault caprichou: os travões são excelentes, a direção é muito precisa apesar de alguma falta de sensibilidade e as suspensões controlam muito bem os movimentos da carroçaria, mesmo com carga a bordo.

E, acima de tudo, o Renault Kangoo é muito confortável. E, mais que isso, a casa do losango vai mimar os utilizadores com uma enorme lista de ajudas à condução e de segurança digna de um Megane!
Dizer, apenas, que há muitos espaços de arrumação pensados e colocados para ajudar os profissionais. Particularmente o que está frente ao condutor, onde estão as tomadas USB e a tampa pode ficar aberta o que não acontece nos rivais. E há, também, um muito inteligente suporte para “smartphone” que pode ser colocado do lado direito ou do lado esquerdo, pensando nos canhotos. Boa Renault!
O sistema Easy Link é fácil de usar e uma mais valia para o utilizador do Kangoo, mesmo que o sistema de navegação seja um nadinha lento de processos.
Enfim, o interior está muito bem pensado e oferece conforto aos ocupantes. Além disso está equipado com uma série de equipamentos muito interessantes. Além do “Open Sesame”, o “Easy Inside Rack” é um dos mais curiosos. Quase mágico. Facilita o carregamento de objetos longos e pesados (até 30 kgs) pois a divisória está aberta e os objetos passam por cima da cabeça do passageiro. Como o Kangoo Van é muito alto, o “Easy Inside Rack” rouba pouco espaço deixando os objetos à mão, mas protegidos dos olhares alheios e dos elementos.


















