
Primeiro ensaio DS9 E-Tense: um topo de gama à francesa
21/05/2021
A DS convidou o AUTOBLOGUE para fazer o primeiro ensaio do seu mais recente automóvel, um topo de gama à francesa.
Uma das marcas Premium da Stellantis quer fazer vingar o “luxo à francesa” e por isso trouxe da China este DS9. Um carro elegante, confortável e com uma poderosa mecânica híbrida Plug In. Mas, será suficiente para abanar os dominadores do segmento?
Em primeiro lugar dizer que o DS9 é feito na China e foi pensado para os chineses. É verdade que a globalização está instalada e a economia não tem pátria. Também é verdade que para ser bem-sucedido na China, há que ter produção local.
E também é verdade que não será fácil cavalgar a onda do “luxo francês”… made in China. O DS9 chega com um ano de atraso face ao seu lançamento na China, onde as coisas não correram da melhor maneira.

O DS9 assume a forma de uma berlina convencional com três volumes com um comprimento de quase cinco metros, com uma linha clássica e elegante onde os detalhes fazem diferença.
A grelha DS Wings com faróis LED com animação, as luzes diurnas LED que estão colocadas verticalmente, cromados no capô, na moldura dos vidros e em outros locais, os pequenos farolins colocados no óculo traseiro a imitar os picas do DS do século passado, são tudo detalhes de estilo DS.
Em Portugal só há uma mecânica, o bloco híbrido Plug In com 225 CV, ficando para 2022 o E-Tense 4×4 que também experimentei. Já lá vamos.
O carro está generosamente equipado com o relógio BRM colocado no topo do tabliê, revestimentos em Alcantara, piscas ativos, puxadores de porta escamoteáveis, acesso e arranque mãos livres.

O ambiente é muito agradável, mas há algumas coisas que não se percebem. Um modelo de topo carregado de equipamento e de materiais como pele em todo o carro, mas depois há comandos que podemos ver comandos que chegam de modelos de base. Como os comandos do volante, por exemplo.
Mas há muito mais como a suspensão ativa com controlo pela câmara localizada no para brisas, visão noturna e muitos outros equipamentos de segurança.
O demónio costuma estar nos detalhes e para um topo de gama, falta ao DS9 coisas como o “head up Display”, o Apple CarPlay e o Android Auto sem fios (algo que já existe em alguns modelos de segmentos inferiores), um comando por voz inteligente ou pelo menos com qualidade e o volante com controlos sensíveis ao toque. Os comandos iguais aos de um Peugeot, por exemplo, não fica bem ao estatuto.
Não se percebe, também, porque é que o enorme ecrã de 12 polegadas nos deixa entusiasmado e acabamos por perceber que o sistema de info entretenimento está ultrapassado porque é lento, tem dificuldades ergonómicas, cartografia pouco correta e não atualizada e, finalmente, uma fraca definição da câmara de marcha atrás.
E percebe-se ainda menos que o DS9 não tenha direito a usar o novo sistema de info entretenimento DS Iris System que, quem já viu e experimentou (estará no DS4) diz absolutas maravilhas. Não seria mais logico o topo de gama receber essa inovação?

Muito melhor é o espaço oferecido, particularmente no banco traseiro com o equipamento Opera a oferecer os encostos de cabeça Lounge que adapta-se à nossa cabeça, enquanto a meio á um generoso encosto de braços.
Se tiver mais de, digamos, 1,80 metros de altura, pode ter algumas dificuldades em sentar-se atrás devido à forma da carroçaria. Tem espaço mais que suficiente para arrumar as pernas, o banco está corretamente inclinado, tem climatização dedicada (opcional) e massagem nos bancos.
A bagageira tem 510 litros, não é uma caverna, mas é suficiente apesar do acesso ser alto e estreito e o banco traseiro não ter as costas divididas para rebatimento alternado. As costas rebatem em bloco e, ainda por cima, e pesada.
O DS9 tem uma boa posição de condução que me deixou a pensar… e fez-se luz! É muito semelhante à do Peugeot 508. O que não espanta, pois, a base é a mesma (a plataforma EMP2). A maior diferença está nos 11 cm a mais na distância em eixos.
E sabe porque é que o DS9 não tem um “head up display”? Porque o 508 tem o i-Cockpit e não tem HUD. E por isso o DS9 também não tem.

Com a suspensão ativa controlada pela câmara colocada no para brisas, o conforto é elevado. Somos envolvidos pelo interior do DS9 e a condução é fácil, com uma direção suave e um silêncio a bordo considerável.
Ou seja, o carro está orientado para o conforto e não para a eficácia em curva. Porém, o DS9 não é nenhum zurdo e quando exigimos mais em termos de comportamento, o DS Active Scan Suspension ajuda muito.
O carro insere-se bem e com precisão em curva e nas curvas de apoio é imperial. E porque tem o centro de gravidade mais baixo que o DS7 Crossback, é mais agradável de conduzir com o DS Active Scan a ser mais eficaz.
Não vale a pena é levá-lo para a Serra de Sintra ou para o Bom Jesus, pois o DS9 não gosta muito de mudanças de direção e quando exageramos, as transferências de massas são complicadas e pouco acertadas. É que o DS9 E-Tense pesa 1839 kgs e mede quase cinco metros!
Registei um consumo de 4,8 l/100 km e consegui uma autonomia de 48 km em modo puramente elétrico. Esta cifra não é definitiva, pois não esgotei a bateria. É uma aproximação e acredito que posa chegar aos 50 km sem problema. E como o carregador de 7,4 kWh permite que a bateria seja recarregada em 1h45m.
Dizer-lhe que em autoestrada o consumo sobe para perto dos 6 litros e sem a ajuda da eletricidade, fica em redor dos 7 litros por cada centena de quilómetros. Para mim… excelente!
DS9 E-TENSE HYBRID 350 4×4
Tive a oportunidade de conduzir a versão ainda mais de topo, com a mesma mecânica do 508 Peugeot Sport Engineered, ou seja, 360 CV e tração integral graças a um segundo motor elétrico.
O contacto foi curto, mas deu para perceber algumas coisas. Em primeiro lugar, o DS9 com esta mecânica tem pulmão para enfrentar alguns rivais. A mecânica híbrida é excelente mesmo que não consiga fazer mais de 50 km em autonomia 100% elétrica. Precisava de uma bateria um pouco maior.
Com este nível de potência e de binário nunca vistos na DS, esta versão com jantes de 20 polegadas (pneus Michelin Pilot Sport 4S), as performances são excelentes e esta versão tem um pouco mais de Europa. Eu explico! O carro é produzido na China, mas tem de regressar a França para lhe ser aplicado o sistema com o segundo motor elétrico. Ou seja, tecnicamente, é produzido no Velho Continente.
O carro mantém o registo confortável, mas a suspensão ativa tem outras afinações e o comportamento melhora.
O modo Sport não o torna um desportivo, mas mais um grande turismo veloz e imperial em termos de conforto e refinamento. Gasta mais que o DS9 E-Tense, claro, e a autonomia elétrica esfuma-se assim que o modo Sport é escolhido e puxamos pela mecânica.
Será bem mais caro, mas oferecerá melhores performances e um comportamento muito interessante. A confirmar quando chegar a Portugal em 2022.






















