Ensaio Seat Leon 1.5 eTSI Sportstourer: uma carrinha moderna e ecológica

Ensaio Seat Leon 1.5 eTSI Sportstourer: uma carrinha moderna e ecológica

24/05/2021 0 Por Autoblogue
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A SEAT ganhou estatuto dentro do grupo VW e por isso assim que o Golf foi renovado, a casa espanhola fez o mesmo ao Leon, modelo fundamental porque já é responsável por mais vendas que o Ibiza. Por outro lado, passa a ostentar um orgulhoso “Created in Barcelona”. Se lembrarmos que há uns anos a casa de Barcelona era um espinho encravado no grupo VW, a evolução tem sido tremenda e por isso o Leon recebe as mais recentes evoluções disponíveis no caixote de peças do grupo alemão. Por baixo do estilo latino está uma base totalmente alemã onde se destaca a plataforma MQB Evo. Ensaio à carrinha Leon com hibridização suave. 

Rating: 4 out of 5.
  • A Favor – Comportamento, motorização, habitabilidade, bagageira
  • Contra – Algumas lacunas de ergonomia, reações em piso degradado

O Leon tem uma frente inconfundível e expressiva com as luzes diurnas a formarem um triangulo que é substituído pelos indicadores quando queremos mudar de direção. Uma lateral musculada e muito limpa com a superfície vidrada equilibrada e os ombros bem definidos que termina numa traseira elegante onde uma barra LED liga os dois farolins semelhantes aos faróis dianteiros.

Enfim, um estilo que tem escola dentro da SEAT, sedutor com uma simplicidade que se destaca de outros construtores.

Tecnicamente, o Leon é semelhante ao Golf com a utilização da plataforma MQB Evo, o que também permite usar um eixo traseiro de rodas independentes. Isso e o facto de usar o motor de 150 CV, com a SEAT a reservar a versão com eixo de torção para as versões base e menos potentes.

O carro está maior e essa vantagem de tamanho é uma das razões por que o Leon Sportstourer acaba por ser mais interessante que o Golf. A carrinha do Leon tem 4642 mm de comprimento e 2686 mm de distância entre eixos, ou seja, mais 9 mm de comprimento e mais 17 mm de distância entre eixos. Quase nada, mas no que toca à habitabilidade, o carro espanhol garante superioridade. Já lá vamos.

Dizer que a direção do Leon tem assistência elétrica e o sistema de manutenção na faixa de rodagem. Sinceramente, é algo que irrita um bocadinho porque faz lembrar aquela série de livros “Qualquer coisa para totós”.

Sim, a direção está sempre a intervir, a corrigir e opõe-se com alguma firmeza a que mudemos de faixa ou façamos uma trajetória conde temos de pisar terrenos que não são os nossos.

Defeito do Leon? Não! Do VW Golf, do Audi A3, enfim, de todos os carros do grupo VW e de todas as marcas. As cinco estrela das EuroNCAP continuam a ser valiosas… Portanto, desligar o sistema será uma boa ideia. Um sistema de segurança que, no meu entender, é exagerado.

Mais agradável é o “cruise control” adaptativo. Além de manter a velocidade com vigilância do que se se passa à nossa frente, consegue ser preditivo. Leva em linha de conta o tráfego e, também, os limites de velocidade, a sinuosidade do percurso e os cruzamentos. Desde que tenha o sistema de navegação no carro, o sistema cuida de todas estas variáveis.

E não fique preocupado, pois, tudo se passa suavemente. E sim, sendo intrusivo é um garante de segurança e tranquilidade na condução. Na travagem, a SEAT costuma ir além do que é preciso e o conjunto de discos à frente e atrás dão mais que conta do recado. Que funciona muito bem com o sistema de travagem autónoma de emergência. Que além de identificar obstáculos, trava o carro se o condutor não reagir aos estímulos sonoros e visuais, interpretando como perda de sentidos do condutor essa falta de ação, reduzindo a velocidade e levando o carro para a berma.

INTERIOR PRÁTICO E AGRADÁVEL

Sendo quase tão comprida como uma Skoda Octavia, a carrinha Leon é muito agradável para se viver, desde logo com uma boa habitabilidade e uma bagageira com uma capacidade entre os 620 e os 1600 litros. Melhor que a carrinha do Golf. O rebatimento desfasado das costas do banco é algo muito apreciado.

O melhor está lá à frente onde a SEAT tudo fez para nos agradar. Primeiro, o condutor tem vários espaços de arrumação em seu redor para guardar as tralhas seja um condutor ou uma condutora. Telefone, chaves, enfim, tudo tem espaço para ser arrumado.

Infelizmente a SEAT seguiu a tendência de retirar os comandos físicos das várias funções e perdeu-se funcionalidade. Porque há opções que não são imediatas e há, sempre, um botão que teima em não fazer o que lhe mandamos.

Mais! Continuo a não perceber como é que é mais prático aumentar a temperatura dentro do carro com a ponta dos dedos da esquerda para a direta e vice-versa que girando um botão. Exige uma atenção desnecessária que um botão dispensa.

Felizmente que para comandar o sistema de som há botões no volante.

O controlo da iluminação também é feito num quadro sensível ao toque. Uma vez mais, bem menos elegante e prático que o botão e exigir atenção desnecessário que deveria estar na estrada.

Pode estar a pensar que sou um velho do Restelo e que fica com um aspeto muito mais “hi-tech” o interior. Pois… mas desiluda-se. Estes sistemas só aparecem dentro dos carros porque são muito mais baratos que os botões físicos. Por isso isto não é um progresso tecnológico, mas sim uma medida economicista que não ajuda a ergonomia do carro, apenas o envelope financeiro do plano de produção do Leon Sportstourer.

Outra coisa pouco compreensível, especialmente vindo da SEAT (digo isto porque é uma marca latina!) é a utilização da pequena alavanca da caixa de velocidades automática. Não liberta assim tanto espaço na consola central, está perdida no meio dessa consola e parece, sempre, um corpo estranho. 

Lá está, uma vez mais uma inovação que não oferece nada de útil e num interior tão bem desenhado, tão agradável e tão espaçoso, uma boa e velha alavanca da caixa ficaria a matar!

Palavra final para os bancos, confortáveis facilmente reguláveis, sendo fácil encontrar a melhor posição de condução. Atrás, o discurso fala de conforto e, sobretudo, espaço. O Leon Sportstourer é, mesmo, muito espaçoso!

E COMO É O LEON HíBRIDO?

A mecânica deste Leon é sofisticada. O bloco 1.5 litros tem desativação de cilindros quando funciona com carga mínima, deixando o motor a trabalhar com apenas dois cilindros. O turbo é de geometria variável, algo raríssimo em motores a gasolina. Neste segmento não há e, assim de repente, lembro-me do… Porsche 911. 

Tudo feito e pensado para reduzir os consumos. Por isso a potência é de 150 CV e o binário de 250 Nm. Suficientes para performances mais que suficientes para os dias que correm.

Não esquecer que este é um motor híbrido com sistema motor de arranque/alternador/gerador com 48 volts ligado a uma pequenina bateria de iões de lítio que armazena a energia recuperada das travagens reutilizando-a nas acelerações. 

Não dará pelo sistema pois a sua potência é muito limitada e a contribuição para a redução do consumo é mínima. 

Tudo isto chega às rodas através da conhecida caixa DSG de dupla embraiagem com 7 velocidades que tem uma novidade invisível: o comando abandonou os cabos em favor de uma ligação eletrónica. Há vários modos de condução que vão do ECO, pensado para defender os consumos, até ao Sport, que extrai tudo da mecânica. Pelo meio os modos Comfort e Individual. No volante lá estão as patilhas para comandar a caixa e a tal pequena alavanca meio perdida na consola central. Isto porque a SEAT equacionou colocar uma alavanca na coluna de direção. Ideia recusada porque o Leon tem de manter uma ideia de modelos na fronteira entre o “mainstream” e o desportivo. A alavanca seria… demasiado “old fashion”. Como estão errados senhores da SEAT…

E TUDO ISTO EM ESTRADA; COMO FUNCIONA?

Muito bem tenho de o dizer. O conforto do Leon e a forma como as suspensões amortecem as imperfeições da estrada é muito satisfatório. Que grande diferença face aos anteriores Leon, alguns deles verdadeiras tábuas! Eu sei, vocês que o usaram como base “tuning” adoravam isso. Mas para os que como eu já passaram os cinquentas, as costas já não aceitam andar aos saltos.

Este Leon é muito mais benigno, perdoa muito mais distrações ao volante e permite mesmo que a carroçaria se mexa em curva. Mas de forma saudável sem exageros que coloquem em risco o excelente comportamento.

É verdade que nas lombas e em estradas mais esburacadas, percebe-se que o ADN da SEAT está lá, ou seja, os amortecedores são firmes e de curso curto, andando amiudes vezes nos batentes. Mas como as molas são mais macias, a coisa suporta-se. 

Apesar de ficarem lindamente no Leon, as jantes maiores são um foco de desconforto. Mas não consigo deixar de destacar o refinamento, a qualidade da insonorização, a posição de condução e a facilidade com que conduzimos esta carrinha. Acreditem que inúmeras vezes me esqueci que atrás de mim ainda havia muito carro.

Não, ainda não está ao nível da diversão que um Ford Focus ou um Honda Civic oferece quando estamos empenhados em recuperar o muito atraso para cerimónia do casamento. Mas a eficácia em curva é semelhante e o Leon faz tudo bem sem erros e sem nos levar as batidas cardíacas para o patamar de pânico – susto – pânico. 

O eixo dianteiro tem sempre aderência e não tem problemas com as mudanças de direção. E como o ESP não está lá apenas para ser desmancha prazeres – em curva, trava ligeiramente a roda interior para permitir que a traseira escorregue o essencial para curvar de forma mais fluída – o Leon é um carro eficaz e muito seguro. 

Dizer, no final, que o sistema híbrido ligeiro não é a solução para baixos consumos. Ainda assim, a media geral do ensaio ficou nos 6,3 l/100 km. Os 7,3 l/100 km em cidade não são fantásticos, mas numa utilização suburbana consegui 5,9 l/100 km. Para um motor a gasolina que é capaz de levar esta carrinha dos 0-100 km/h em 9 segundos (tempo medido por mim) e manter velocidades de cruzeiro interessantes, não é nada mau.

O QUE É QUE EU PENSO DO LEON 1.5 eTSI SPORTSTOURER?

A casa espanhola oferece um Golf… diferente. Sim, o Leon é um Golf, mas mais elegante e sedutor e… mais barato. Mas há mais! O Leon Sportstourer é mais espaçoso que o Golf Variant! Além de ter um fato mais sedutor que a maioria dos rivais, é mais moderno e está mais maduro. Já não é o rebelde que fez as delícias dos adeptos do “tuning” e é muito mais “amigo” na utilização familiar e quotidiana. Qualidade de construção e de materiais subiu bastante e por isso tenho de dar os parabéns à SEAT. O Leon Sportstourer é um excelente automóvel e merece ter o tal selo “Created in Barcelona”.

Ficha técnica

Motor: 4 cilindros em linha com alternador/motor de arranque 48 volts; Cilindrada (cc): 1498; Potência máxima combinada (CV/rpm): 150/5000; Binário máximo (Nm/rpm): 250/1500 a 3500; Transmissão:dianteira, caixa robotizada de 7 velocidades; Direção: Pinhão e cremalheira assistida eletricamente; Suspensão (ft/tr): independente tipo McPherson/Independente multibraços; Travões (fr/tr): Discos ventilados/discos; Prestações e consumos Aceleração 0-100 km/h (s): 8,7; Velocidade máxima (km/h): 221; Consumos (l/100 km): 5,6; Emissões CO2 (gr/km): 127; Dimensões e pesos Comp./Lar./Alt. (mm): 4360/1800/1456; Distância entre eixos (mm): 2686; Largura de vias (fr/tr mm): 1545/1516; Peso (kg): 1361;Capacidade da bagageira (l): 380 a 1301; Deposito de combustível (l): 50; Pneus (fr/tr): 205/55 R16; Preço da versão ensaiada (Euros): 36.586

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