
Ensaio Audi Q4 40 e-tron: se o caminho para a mobilidade elétrica for por aqui…
19/01/2022
Este é o SUV 100% elétrico mais pequeno da gama Audi que, na minha opinião é o melhor VW ID.4 que pode comprar! Pena que não seja propriamente barato.
- A Favor – Comportamento, estilo, refinamento
- Contra – Opcionais, preço
A gama SUV da Audi não é, propriamente, fácil de perceber, mas posso dizer-lhe que este Q4 está encaixado entre o Q3 e o Q5! Afinal é fácil… o Q4 tem mais 10 cm de comprimento que o Q3 e é 4 cm mais curto que o Q5. Face aos dois tem menos bagageira – devido às baterias – sendo ligeiramente mais largo e alto.
Ah! mas falta dizer que ainda há uma versão Sportback com um tejadilho descendente que por um preço mais caro oferece um carro com menos praticabilidade e espaço interior. Coisas que, ao que parece, funcionam…
O Audi Q4 só existe com mecânica elétrica que, na versão que ensaiei, 40 e-tron significa que o motor tem 150 kW. Não lhe diz nada? Volkswagen ID.4, ajuda? Poisé, o Q4 e-tron é um ID.4 mais caro e diferenciado.

AFINAL QUAIS AS SEMELHANÇAS COM O ID.4?
Quase tudo. A plataforma é a MEB dedicada aos produtos 100% elétricos, a unidade motriz é a mesma, enfim, por muito que custe dizer isto, este é um VW ID.4 ou um Skoda Enyaq travestido de Audi. Vejam lá que até é construído na mesma fábrica, lado a lado com os “manos”!
Porém, estamos a falar de um Volkswagen, mas com um interior “à la Audi” e a qualidade da casa de Ingolstadt. O que, mesmo não parecendo, é um detalhe muitíssimo importante.
COMO É EM TERMOS DE CARGA? DESESPERANTE?
Não se preocupe! O Q4 40 e-tron tem carregador rápido de série, ou seja, carrega até 125 kW porque utiliza a bateria de 82 kWh (capacidade líquida de 77 kWh). Assim, se estiver apressado, pode carregar entre 5 e 80% em apenas 38 minutos. Se estiver com muita pressa, em 10 minutos recupera 128 km de autonomia. Catita, verdade?!

MAS… OLHANDO AS FOTOS, O CARRO É MUITO DIFERENTE!
É verdade! Elogio para os homens do estilo da Audi que conseguiram, dentro de tantas limitações, criar um carro diferente que é bonito e bem proporcionado. Mas o melhor foi o trabalho feito no interior. Fica a anos luz do ID.4, por exemplo – não me convence a ideia do minimalismo – com botões suficientes para não nos sentirmos perdidos, com qualidade assinalável, e sentimo-nos bem ao volante. Tudo está, ergonomicamente, bem posicionado (pedais, volante) e os principais comandos à distância certa. E no interior, a Audi conseguiu resistir à doidice da VW em substituir tudo por botões sensíveis ao toque ou dentro do ecrã central. Por isso há vários botões físicos. Mas há coisas que não poderiam acontecer num Audi.

ENTÃO, QUAIS SÃO OS PROBLEMAS DO INTERIOR DO AUDI?
Calma! Primeiro dizer que é de grande qualidade. Depois, nesta especificação S-Line, mais ainda. O tabliê tem formas angulosas com o enorme ecrã encastrado a meio do carro. O painel de instrumentos lembra o Skoda Enyaq, com um volante que… é quadrado. Assim, de repente, veio de algum carro de competição, mas aqui temos de dar várias voltas ao volante, o que deixa a pega um bocadinho… esquisita.
Depois, infelizmente, lá estão os botões sensíveis ao toque no volante e para comandar a iluminação. Ok, dá um aspeto tecnológico, mas eles existem apenas porque é mais barato que fazer botões físicos.
A consola central flutuante tem o pequeno botão da caixa de velocidades que tem apenas duas posições (a caixa só tem uma velocidade), tendo a seu lado o botão de arranque do sistema elétrico, o botão tipo iPad que controla o sistema de info entretenimento e o botão do travão de mão. O botão do Audi driver select também está neste espaço da consola central. O espaço para arrumação é simpático, mas não é de deixar a boca aberta.
Os ecrãs do Q4 e-tron são generosos: 10.25 polegadas para o painel de instrumentos e outro de 10,1 polegadas, sensível ao toque que serve o sistema multimédia. Como disse acima, há mais botões que num Volkswagen.
E, depois, o Q4 continua a exibir as hastes de comando dos indicadores de direção e dos limpa para brisas, os botões são feitos com qualidade e a aparência geral do habitáculo é excelente.

E A HABITABILIDADE, COMO É? AS BATERIAS CHATEIAM?
A plataforma está pensada para acomodar as baterias entre os dois eixos e por isso a habitabilidade não é prejudicada face ao Q4 normal. Na bagageira, o piso está colocado um pouco acima, mas há um espaço mais que suficiente para esconder os malfadados cabos que acabam a passear na bagageira. A capacidade de 520 litros é muito boa e supera rivais como o Volvo XC40 ou o Mercedes EQA.
E COMO É O Q4 EM UTILIZAÇÃO? CHATO OU INTERESSANTE?
A Audi tem um ADN complicado tipo “Dr. Jekyl and Mr Hide”, eterna luta entre carros desportivos e familiares. E a verdade é que desde há umas décadas a casa dos anéis tem gerido esse ADN de forma quase perfeita. E a verdade é que a mobilidade elétrica cabe que nem uma luva nesta ambivalência, por um lado com a suavidade proporcionada pelo motor elétrico, por outro o disparo oferecido pelo binário disparado imediatamente.
Ou seja, este Q4 e-tron oferece uma condução suave com um bom amortecimento, disfarçando bem o peso extra do carro. Claro que esse peso acaba por se perceber quando passamos por pequenos ressaltos ou buracos, mas nada que seja muito incómodo.
Muito bem insonorizado – escondendo até o ruído do exterior – o Q4 acaba por deixar perceber todos os rangidos de alguns plásticos e os barulhos que vêm da suspensão ou de outro locais do carro. Falta o motor, não é?
Não sendo um carro particularmente excitante na condução, o Q4 tem uma direção surpreendentemente firme e bem assistida em qualquer modo de condução.
Por outro lado, o Q4 tem uma regeneração de energia poderosa que pode ser controlada através das patilhas atrás do volante. Habituamo-nos rapidamente ao sistema e dei por mim a usar as patilhas nas travagens para maximizar a regeneração. E então quando usamos a tática de levantar o pé e colocar a regeneração no máximo quase conseguimos evitar ir ao pedal do travão.
Quanto ao comportamento, é seguro, controlando os movimentos da carroçaria, mas não é um desportivo – como um nenhum SUV é – mas suficientemente fácil para juma utilização normal.
O QUE EU PENSO DO AUDI Q4 E-TRON?
Gostei muito e ainda mais porque não parece uma nave extraterrestre sendo um pouco à imagem do Skoda Enyaq. Ou seja, é um carro normal que passa por um Q4 com motor de combustão. Ou seja, não nos esfrega na cara “sou elétrico!!”. E eu acredito que não fosse o preço, o Q4 seria um enorme sucesso: é fácil de utilizar, eficaz e eficiente, é bonito e sedutor, tem um interior onde é agradável viver e mistura de forma perfeita as necessidades de um elétrico com a qualidade e o bem-estar de um Audi. O Q4 e-tron é um SUV suficientemente grande para ter uma boa habitabilidade, mas com dimensões compactas que são agradáveis de usar em cidade. Além disso tem uma autonomia que a Audi reclama ser superior a 466 km, mas que se fica pelos 340 km, para já mais que suficiente. E se poder carregar em casa, os 51.757 euros que custa acabam por se amortizar rapidamente. É um excelente carro elétrico que nos deixa um sorriso nos lábios.
FICHA TÉCNICA Motor: elétrico síncrono de íman permanente; Potência máxima (CV): 204; Binário máximo (Nm): 310; Transmissão: traseira, caixa de relação única; Direção: Pinhão e cremalheira assistida eletricamente; Suspensão (ft/tr): independente tipo McPherson/Independente multibraços; Travões (fr/tr): Discos ventilados/tambores; Prestações e consumos Aceleração 0-100 km/h (s): 8,5; Velocidade máxima (km/h): 160 (limitada eletronicamente); Consumos (kWh/100 km): 17,3 – 19,3; Autonomia (km): 466 – 520; Dimensões e pesos Comp./Lar./Alt. (mm): 4588/1865/1614; Distância entre eixos (mm): 2764; Largura de vias (fr/tr mm): 1587/1587; Peso (kg): 2050; Capacidade da bagageira (l):520/1490; Capacidade da bateria (kWh): 82; Pneus (fr/tr): 225/45 R19; Preço (Euros): 51.757













