
Audi e Porsche na F1? Verdade ou… nem por isso?
09/05/2022Audi e Porsche na F1? A história da entrada do grupo Volkswagen na Fórmula 1 parece a fábula do pastor mentiroso que, por brincadeira, gritou várias vezes “Lobo, Lobo!”… e nada.
Até ao dia em que o lobo saiu da floresta e ninguém acreditou quando o pastor, aflito, gritou “LOBO, LOBO”. E ficou para sempre o ditado “na boca do mentiroso, o certo é duvidoso!” Ora, depois de várias ameaças, Herbert Diess, CEO do grupo Volkswagen veio dizer que, agora, sim! Vai haver Audi e Porsche na Fórmula 1!

Audi e Porsche na F1 será uma realidade?
No âmbito de uma sessão de perguntas e respostas denominada “Dialog mit Diess” (brilhante!) o CEO disse “acabamos por ficar sem argumentos para não nos juntar à Fórmula 1”. Isto porque os CEO da Audi (Markus Duesmann) e Porsche (Oliver Blume) argumentaram que a presença na F1 traria mais dinheiro e notoriedade do que o custo de estar na disciplina máxima do desporto automóvel.
O demónio, porém, está nos detalhes. Para entrar na Fórmula 1 em 2026 – daqui a quatro anos – a nova regulamentação de motores (que ainda não é conhecida na sua globalidade) tem de ser aquela que desejam.
Ou seja, manter o V6 de 1.6 litros sobrealimentado, mas deixar de lado o complicado e caro MGU-H, em favor de um MGU-K com 350 kW, qualquer coisa como 470 CV, quase metade da potência total de um Fórmula 1.
Depois, os combustíveis terão de ser sintéticos e sustentáveis – o Grupo VW está a investir forte neste tipo de combustível e nas soluções de captura de carbono e quer usar a F1 como meio de provar ser esta uma alternativa à mobilidade 100% elétrica – finalmente, manter o ímpeto expansionista para os EUA e Ásia, mercados muito importantes para o grupo VW.

Muitas condicionantes
“Como sempre o Markus Duesmann me disse, ganhasse um segundo por temporada numa pista média apenas por otimizar os detalhes. Mas isso não acontece quando nos juntamos ou formamos uma equipa totalmente nova. São precisos 5 ou 10 anos para estar entre as equipas da frente. Ou seja, só podemos ter sucesso se entrarmos ao mesmo tempo que uma mudança radical de regulamento.” Palavras de Herbert Diess, que disse mais.
“Essa mudança está a caminho e na nossa direção em 2026, quando haverá mais eletrificação e os combustíveis sintéticos. Ou seja, precisamos de um desenvolvimento do motor. Que significa três a quatro anos de trabalho de desenvolvimento. Quer isto dizer que podemos decidir agora se entramos na Fórmula 1 o que não acontecerá novamente em 10 anos. Mas as nossas marcas Premium entendem que agora é o tempo certo e estamos a dar prioridade a isso.”
Leram em alguma frase “vamos para a F1”? Pois… A Audi e a Porsche querem entrar na Fórmula 1, mas as condições para isso já estão definidas: regulamentação técnica sem MGU-H, com combustíveis sintéticos e obrigatoriedade de pilotos alemães nas equipas que apoiar.

Porsche poderá estar mais avançada
Para já. Herbert Diess referiu que o plano da Porsche está mais avançado. E como Christian Horner abriu a porta a uma colaboração com a Porsche, o rumor foi imediato: uma Red Bull Porsche. Ou seja, a Porsche compraria parte da equipa, dava os motores e libertava recursos para o programa LMDh no WEC que já está na fase final de preparação.
Quanto à Audi, poderá abandonar o projeto LMDh e comprar uma equipa que se chamará Audi Sport. Ou seja, não será, apenas, um fornecimento de motores.
Mas, deve estar a perguntar-se: por que raio é que o grupo VW não entrou antes na Fórmula 1? Dieselgate, diz-lhe alguma coisa?
Em 2015, o mundo foi abalado com o escândalo das emissões dos motores do grupo VW. Uma bola de neve que custou mais de 30 mil milhões de euros ao gigante germânico e a necessidade de recuperar a imagem.
Abandonou tudo o que era desporto automóvel e remeteu-se ao ato de contrição lógico: diabolizar os diesel e apostar na mobilidade elétrica como a salvação do planeta. Concluída a parte da limpeza da imagem e não tendo de lutar com um escândalo global, o grupo VW pode regressar à competição sem ter de insistir, apenas, na sensaborona Fórmula E.
Porém, apesar de tudo o que foi dito por Herbert Diess, não há nenhuma confirmação que isso vá acontecer e por isso vamos ter de aguardar para perceber se a FIA dá a mão ao Grupo VW e outros construtores decidam regressar ou dar o salto para a Fórmula 1. Falamos da Toyota e dos coreanos do grupo Hyundai Kia.