Ensaio Mazda 3 eSkyactiv-X: subvalorizado porquê?

Ensaio Mazda 3 eSkyactiv-X: subvalorizado porquê?

07/06/2022 0 Por Jose Manuel Costa
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O Mazda 3 eSkyactiv-X é um automóvel injustiçado num segmento onde é raro aparecerem carros bonitos no segmento. Ou porque são cinzentos – tal como o VW Golf, por exemplo – ou porque são simplesmente… feios. Sim o BMW Série 1 é feio. Mas há mais… Mas voltemos a este Mazda 3. É um carro bonito e com um motor diferente do normal. Vale a pena pensar nele na hora de comprar um familiar?

Rating: 4.5 out of 5.
  • A Favor – Estilo, comportamento, qualidade, comportamento
  • Contra – Consumos em cidade, Direção, Bagageira

Peço desculpa, mas tenho de voltar ao tema do estilo. A Mazda tem vindo a refinar os seus exercícios de estilo e este 3 é uma peça fantástica. Capô longo com faróis e grelha muito bem integrados e uma entrada de ar inferior com um desenho que se integra de forma excelente.

Depois temos uma carroçaria limpa de vincos e floreados que termina numa traseira redonda com farolins desenhados de forma deliciosa. O recorte da superfície vidrada é bonito e estreito. Enfim, o Mazda 3 destaca-se na multidão sem esfregar na nossa cara que é diferente. Brilhante!

Mazda 3 eSkyactiv-X

Mazda 3 eSkyactiv-X: um nome esquisito e um motor inteligente

A Mazda é uma espécie de último moicano que defende até ao limite os motores de combustão interna. Tanto que nos brinda com este motor a gasolina que pensa ser um bloco diesel!

Não tem sobrealimentação, mas tem um pequeno compressor para forçar a entrada de mais ar para dentro dos cilindros. Esta é apenas uma das particularidades deste motor. Mas há mais!

Utiliza velas convencionais de ignição porque o motor passa o tempo a comprimir tanto a mistura ar-combustível até que o sobreaquecimento espolete uma auto-explosão que é complementada pela faísca da vela. Beneficios?

Desde logo funcionar com uma mistura pobre permite que haja uma forte explosão com pouquíssima gasolina. Ou seja, reduz os consumos e as emissões ao usar uma mistura pobre, ou seja, usando mais ar que gasolina. Mas mais importante é o facto das emissões de NOx serem muito reduzidas porque a queima de combustível é feita com muito ar, sendo instantânea e eficiente.

Porque é que a Mazda é a única a seguir este caminho?

A engenharia da casa japonesa é reconhecida como excelente. Basta recordar a vitória em Le Mans com o motor rotativo e a defesa que a Mazda fez do motor Wankel. Defesa tão forte que chegou a ser equacionado para ser um extensor de autonomia do 100% elétrico MX-30.

Para além disso, todos andam embriagados com a mobilidade elétrica. E não é preciso ser muito conhecedor para se perceber que nas reuniões de administração dos maiores grupos, as decisões sobre investimento acabem todas no buraco negro do desenvolvimento de carros elétricos. Nem sequer perdem um segundo a olhar para outras opções. A Mazda fez isso e tem aqui um excelente motor que os engenheiros em Yokohama já estão a preparar para usar hidrogénio como combustível e quase eliminar as emissões.

Mazda 3 eSkyactiv-X

Motor já estava feito há anos, mas surgiu apenas em 2019

A excelência da engenharia da Mazda percebe-se neste facto. Quando foi apresentado em 2019, um engenheiro da casa japonesa confessou que o projeto já estava pronto há alguns anos, mas não havia velocidade de processamento suficiente. 

O bloco foi lançado em 2019, mas tem estado a ser desenvolvido ao ritmo do aumento de velocidade de processamento. Que tem de ser elevada para gerir o processo de funcionamento do motor, um nadinha esquizofrénico e onde o efeito “knocking” (auto ignição” é um risco enorme. 

Por tudo isto, a mais recente versão do motor eSkyactiv-X tem novos pistões, bielas, veios de excêntricos e, claro, software. E nem o motor de arranque com 24 volts e acionado por correia que ajuda o sistema i-Loop a arrancar o motor depois do “Stop&Start” entrar em ação, além de dar uma ajudinha no binário, deixou de ser mexido. O que dá tudo isto? Mais uns pozinhos na potência e no binário e redução das emissões.

Mazda 3 eSkyactiv-X

E o sistema eSkyactiv-X do Mazda 3 funciona bem?

Funciona mesmo muito bem e o refinamento atual do carro permite arranques suaves, retoma de funcionamento do sistema “stop&start” e acelerações mais lineares. Asseguro-lhe… é brilhante!

E há mais! O motor é, realmente, económico! Não vale a pena lembrar que os modelos híbridos suaves e híbridos prometem consumos baixos que, contas feitas, estão longe disso. O Mazda 3 eSkyactiv-X, pelo contrário, promete e cumpre. 

Não me custou muito conseguir valores abaixo dos 5,4 l/100 km e com algum esforço fui capaz de ficar ali nos 5 litros por cada 100 km. E quando dei por mim a puxar pelos 180 CV do motor, a puxar pela caixa automática, o valor não subiu muito acima dos 6 litros. E em cidade, o máximo a que cheguei foi 6,4 l/100 km. Brilhante!

E como é o interior do Mazda 3 eSkyactiv-X?

Venham de lá as pedras! Para mim, o interior do Mazda 3 é melhor que o da maioria dos melhores carros do segmento. Volkswagen, Mercedes e Audi incluídos. A Mazda seguiu o caminho do minimalismo, mas não a falta de gosto.

Três mostradores circulares elegantes com grafismo simples e legível. Sem invenções. Os botões estão bem colocados no tabliê, em zonas bem pensadas e com um ecrã que não nos esfrega na cara o sistema multimédia. 

Não há botões hápticos nem sensíveis ao toque, não há nada dos toques futuristas da Tesla e vamos muito bem sentados ao volante do Mazda 3. Isto não quer dizer que não há defeitos.

Mazda 3 eSkyactiv-X

Visibilidade e habitabilidade são problemas

Quando não se submete o estilo à praticabilidade, há coisas que podem correr mal. Por exemplo, a visibilidade traseira é duramente prejudicada pelo grosso pilar C. Que visto de fora fica muito bem na carroçaria elegante, mas prejudica a visibilidade e oferece uma sensação de claustrofobia para quem vai sentado no banco traseiro.

Depois, a forma do tejadilho acaba por limitar o espaço em altura no banco traseiro. Por outro lado, a bagageira é pouco generosa, seja com ou sem os bancos rebatidos.

Mazda 3 eSkyactiv X

E então como é em utilização o Mazda 3 eSkyactiv-X?

Descontando o pedal de travão esponjoso, o Mazda 3 eSkyactiv-X é fácil de conduzir, com uma direção direta sem ser agressiva e um acerto para o lado do conforto. Não é nem quer ser um desportivo, mas tem um excelente comportamento: seguro e eficaz.

Vamos muito bem sentados, com tudo ao alcance da mão e com todos os controlos com peso suficiente.

O que é que eu penso deste Mazda 3 eSkyactiv-X?

Vou ser claro: o VW Golf já não é a referência do segmento com o recuo na qualidade, na incapacidade de processamento do sistema multimédia, lento e muitas vezes bloqueado e os botões sensíveis ao toque que são um desastre. O Mazda 3 é absolutamente injustiçado, talvez porque se chama… Mazda. A tecnologia embarcada é fantástica e o carro tem muita qualidade. É verdade que não é barato, mas este será, talvez, um dos poucos automóveis que ainda foi feito por engenheiros que se marimbaram no marketing. Gostei muito e vale a pena pelo menos experimentar!

Ficha técnica Motor: 4 cilindros em linha com injeção direta; Cilindrada (cc): 1998; Potência máxima (CV/rpm): 180/6000; Binário máximo (Nm/rpm): 224/3000; Transmissão: dianteira, caixa automática de 6 velocidades; Direção: Pinhão e cremalheira assistida eletricamente; Suspensão (ft/tr): independente tipo McPherson/eixo de torção; Travões (fr/tr): Discos ventilados/discos; Prestações e consumos Aceleração 0-100 km/h (s): 8,2; Velocidade máxima (km/h): 215; Consumos (l/100 km): 4,5; Emissões CO2 (gr/km): 102; Dimensões e pesos Comp./Lar./Alt. (mm): 4460/1795/1435; Distância entre eixos (mm): 2725; Largura de vias (fr/tr mm): 1570/1580; Peso (kg): 1486; Capacidade da bagageira (l): 327/1019; Deposito de combustível (l): 51; Pneus (fr/tr): 215/45 R18; Preço (Euros): 33.819

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