
Alemanha rejeita plano da UE para banir motores
21/06/2022A Alemanha rejeita o plano da União Europeia de banir os automóveis com combustíveis fósseis em 2035. E assim sendo…
O executivo alemão, tendo como porta-voz o ministro das Finanças, Christian Linder, já fez saber que não concorda com os planos da União Europeia em banir a venda de viaturas com motores de combustão interna.
Para aquele alto responsável germânico, em declarações no fórum BDI, associação da indústria alemã, a Alemanha rejeita o desaparecimento destes motores porque sempre haverá nichos onde os motores de combustão vão servir. Por esta razão, Christian Linder entende que a proibição da venda é um erro profundo, deixando bem claro que o Governo Federal da Alemanha não concorda com o projeto de legislação da União Europeia.

Alemanha rejeita planos da UE
Linder, membro do “Freie Demokraten” (Democracia Livre) partido que governa a Aleaanha em coligação com o SPD (partido Social Democrata) e os Verdes, referiu que esta oposição ao fim das vendas de veículos com motores de combustão interna não vai impedir que a Alemanha venha a ser o mercado líder na venda de veículos 100% elétricos.
Recordamos que a União Europeia, no sentido de lidar com as alterações climáticas, desejava cortar 55% das emissões de CO2 em 2030 face aos valores de 1990. Mais tarde, a Comissão Europeia, assustada com a guerra na Ucrânia e espantada com a dependência dos combustíveis fósseis vindos de Leste, decidiu que propor um corte de 100% nas emissões em 2035. Efetivamente, o fim dos motores de combustão.
Crise energética atrapalha planos de descarbonização
Como já tinha dito anteriormente, este acabaria por ser o caminho. Esta decisão de acabar com os veículos equipados motores de combustão interna era um tiro no porta-aviões da indústria automóvel. E a Alemanha é um dos países com mais indústria automóvel e, por isso, não iria ficar de braços caídos a ver um dos seus pilares económico desmoronar-se.
A ACEA, associação de construtores automóveis europeus e grupo de “lobby” para a indústria automóvel, poderá, com esta mãozinha da Alemanha, recuperar a face. A imagem da ACEA ficou algo amachucada quando Carlos Tavares, CEO da Stellantis, anunciou que iria retirar o grupo da ACEA.
Esta decisão do Governo alemão ajuda a ACEA e poderá fazer Tavares arrepiar caminho antes da saída da Stellantis ser efetiva no final do ano. E tudo parece indicar que a ameaça do português terá provocado alguma reação.
Agora, vamos assistir a um braço de ferro entre a União Europeia e os diversos países industrializados e não custa muito perceber os próximos passos: será levantado o argumento da crise social com despedimentos em massa, o fantasma do possível fim de alguns dos gigantes europeus de produção e do fornecimento e o mergulho da economia numa crise sem precedentes.
Vamos assistir com alguma atenção aos próximos capítulos desta novela que muitos antecipam o desfecho: a União Europeia irá ceder, até porque a crise energética está ai ao virar da esquina e os alemães, por exemplo, já regressaram às centrais nucleares e há países a pensar em recuar ainda mais até ao carvão.