
Paulo Alves faleceu e deixa vazio na velocidade
14/07/2022A notícia correu mais depressa que os Clássicos que adorava e foi deixando surpresa, mágoa e consternação por onde passou: Paulo Alves morreu esta madrugada de forma absolutamente inesperada.
Não sei escrever sobre a morte. Não sei escrever sobre a morte de conhecidos. Não sei que possa dizer sobre alguém que deixou o mundo dos vivos e passa a perdurar na memória de quem gosta de competição automóvel.
Paulo Alves era um apaixonado pelo automóvel e, sobretudo, pelos Clássicos. Generoso, educado e simpático cruzei-me com ele uma única vez no Autódromo do Estoril quando fui convidado para dar voz a algumas corridas.

Lembro, exatamente, o que me disse. “Oh finalmente tenho o prazer de o conhecer. Peço imensa desculpa, mas tenho de ir lá abaixo, depois falamos porque quero conversar consigo!”
Nunca mais trocamos uma palavra. Colaborei com a ANPAC no passado, falamos algumas vezes por mensagem, mas nunca nos tínhamos encontrado cara a cara. Sai da ANPAC e nunca mais falei com o Paulo Alves.
O seu empenho em defender os clássicos de velocidade em Portugal é obra que todos reconhecem. Pode haver uns que torcem o nariz, outros que apontem à sua maneira de ser firme e quase autoritária, enfim, teria defeitos como todos os seres humanos têm.
Porém, era um homem vertical, diz que o conhece bem, e com uma paixão insaciável pela competição e pelos clássicos.
Coroou a sua missão com uma lista de inscritos da ANPAC com mais de 100 pilotos, um feito notável que tinha por todo o lado a sua impressão digital.
A ceifa do anjo negro levou mais um homem grande (literalmente!) e um grande homem. Raios partam esse anjo que continua a vibrar golpes estúpidos! Para mim, pessoalmente, ficará a memória do aperto de mão no Estoril.
Para os que quiserem prestar uma última homenagem a Paulo Alves, amanhã o corpo estará em câmara ardente na igreja da Trofa a partir das 12 horas, sendo o funeral realizado às 17 horas.
Deixo as mais sentidas condolências à família e amigos e desejar que descanse em paz, de preferência com algum clássico ao lado. (foto abertura: João Raposo)