Ensaio Hyundai i20 N: fabuloso!

Ensaio Hyundai i20 N: fabuloso!

19/07/2022 0 Por Jose Manuel Costa
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O ensaio ao Hyundai i20 N mostrou a mais-valia que a contratação de Albert Biermann foi para a casa coreana: se o i30N sempre me deixou de água na boca, este i20 N deixou-me absolutamente boquiaberto. Aquilo que está mais próximo dos i20N Rally2 e Rally1 é um desportivo de bolso com ADN dos ralis. Inequivocamente! E sim, é fabuloso!

Rating: 4.5 out of 5.
  • A Favor – Motor, Chassis, Comportamento
  • Contra – Demasiados modos de condução

O Hyundai 20 N surge na esteira do primeiro modelo N, o i30. Um automóvel menos potente que os rivais, mas tremendamente eficaz. Filho do departamento criado por Albert Biermann, ex-responsável técnico da BMW M, o i20 foi intensamente ensaiado no Nurburgring e em Namyang. A divisão Hyundai N (adivinhem de onde vem o N…), com supervisão do engenheiro alemão, focou-se no desenvolvimento da transmissão e do chassis. Porque Biermann sempre defendeu que um chassis equilibrado e uma suspensão bem afinada, valem mais que um motor a transbordar potência.

Hyundai i20 N

Este é o quarto modelo da gama N depois do i30 N, do Elantra N e do Kauai N. É aquele que mais perto está dos modelos da Hyundai Motorsport, o i20 N Rally1 e a versão Rally2. E claro que sim, este i20 N segue a mesma receita dos modelos citados e o trabalho foi grande.

Hyundai i20 N com motor compacto 

O bloco utilizado no Hyundai i20 N é o motor 1.6 T-GDI está equipado com o sistema CVVD, sistema de distribuição totalmente variável do lado da admissão. Algo que é conhecido do Tucson. Mas há mais!

Equipado, também, com o Virtual Turbospeed Control (VTC). Um sistema que “prediz” a pressão necessária para o turbo, tendo controlo sobre a válvulas de descarga. 

Este VTC oferece uma resposta mais rápida e, além disso, permite explorar o binário de 270 Nm entre as 1750 e as 4500 rpm. E para que o motor fique mais exuberante, há o modo “N Grin Control System” que na posição N entrega mais 34 Nm oferecendo 304 Nm de binário graças a um “overboost”.

A potência manteve-se nos 204 CV disponíveis entre as 5500 e as 6000 rpm. Com o “launch control” o i20 sai disparado até aos 100 km/h em 6,2 segundos e toca os 230 km/h. 

O i20 N utiliza uma caixa manual de seis velocidades, em exclusivo. E não há problema nenhum – apesar de gostar muito da caixa automática do i30 N – pois a caixa tem o sistema de correspondência do regime que pode ser regulado através de um botão no volante.

Mas o que é mais interessante é que o sistema não permite que o motor desça ou suba demasiado nas rotações a cada passagem de caixa, seja a desmultiplicar seja a reduzir. Está afinado de forma perfeita.

Alterações no chassis

O chassis do i20 foi, naturalmente, bastante alterado. Desde logo pelo reforço de 12 zonas específicas, nomeadamente, soldaduras e zonas de dobragem ou esforço. 

A suspensão dianteira do tipo MacPherson e o eixo traseiro de torção, receberam melhorias e molas mais curtas. Responsáveis pela diminuição em 10 mm da altura ao solo do i20 N face a um normal i20.

Os amortecedores possuem uma regulação diferente, mas são fixos e não têm o sistema de regulação ativa do i30 N. Depois, a barra estabilizadora é mais grossa e rígida.

A direção passou a ter uma relação que passa de 15:1 para 12:1, o que a torna, imediatamente, mais direta e rápida. Por outro lado, os travões receberam discos ventilados com 320 mm, à frente, e discos sólidos de 262 mm atrás.

Paralelamente, o i20 N ganha afinação mais permissiva do ESP. Jogando com os modos de condução, o eixo traseiro fica mais solto a partir do modo Sport, podendo o ESP ser desligado quando o condutor entender.

Existe um diferencial autoblocante dianteiro e tudo isto oferece um comportamento absolutamente delirante. Difícil no limite, mas muito divertido.

Hyundai i20 N

Comportamento de topo

Tudo isto resulta num carro espetacular no que toca ao comportamento. A isso não é estranho, também, o facto do desenvolvimento do i20 N ter sido feito, paralelamente, ao desenvolvimento da versão Rally2 do modelo.

Exemplos da correlação entre os dois? O spoiler traseiro que é funcional e gera força descendente para manter o eixo traseiro colado ao chão a alta velocidade. 

Os reforços feitos na carroçaria, os modos de condução – que são exagerados nas combinações possíveis – e mais algumas coisas que já referi conferem uma enorme confiança no carro.

E a verdade é que sejam os primeiros quilómetros, ou centenas deles feitos ao volante, a confiança está sempre presente, o carro é divertido e só mesmo nos limites, sem ESP e com alguma falta de juízo se torna mais difícil e não apto para todos os condutores.

Tudo o resto deste i20N são bónus que nos são oferecidos. Alguns são falsos, mas mesmo assim, deliciosos. Falo do barulho oferecido pelo gerador de som no modo N ou no Custom ou no facto de podermos utilizar o i20 N todos os dias sem ter de marcar sessão na fisioterapia. E se quisermos encarar uma língua de estrada nacional ou municipal tentando replicar o que faz o meu amigo Ricardo Teodósio no seu i20 N Rally 2, podemos fazê-lo sem destruir as costas. Convirá é ter talento, senão…

Hyundai i20 N

Hyundai i20 N com interior… normal

Há diferenças entre o i20 normal e este i20 N. Claro que há e são algumas, mas na essência, ficou tudo igual. O volante com os comandos dos modos de condução e do controlo da aceleração nas passagens de caixa, na alavanca da caixa. Nos grafismos do painel de instrumentos e do sistema mutimédia e, claro, nos bancos. Tudo o resto é igual ao I20 “normal”, com a vantagem da Hyundai ter tentado ajudar a justificar o preço final abarrotando o i20N de equipamento.

O que é que eu penso deste Hyundai i20 N?

Reconheço que 35 mil euros por um citadino pode parecer um exagero. Acho que a Hyundai também pensa assim. E por isso recheou o carro de equipamento. Depois de prazer de condução. Segue-se uma polivalência que nos permite levar a filhota ao colégio, ir às compras ou jantar com quem quisermos na maior tranquilidade. Mas também oferece a oportunidade de arrancar a gravata e tornar a ligação entre dois pontos pela linha mais sinuosa um exercício de puro prazer de condução. E garanto-lhe que para sentir o mesmo e chegar a casa com um enorme sorriso nos lábios, não encontra mais barato!

Ficha técnica Motor: 4 cilindros com injeção direta e turbo; Cilindrada (cc): 1598; Potência máxima (CV/rpm): 204/5500 – 6000; Binário máximo (Nm/rpm): 275/1750-4500; Transmissão: dianteira, caixa manual de 6 velocidades; Direção: Pinhão e cremalheira assistida eletricamente; Suspensão (ft/tr):independente tipo McPherson/eixo de torção; Travões (fr/tr): Discos ventilados/discos; Prestações e consumos Aceleração 0-100 km/h (s): 11,1; Velocidade máxima (km/h): 229; Consumos (l/100 km): 7,0; Emissões CO2 (gr/km): 158; Dimensões e pesos Comp./Lar./Alt. (mm): 4075/1775/1440; Distância entre eixos (mm): 2580; Largura de vias (fr/tr mm): 1544/1541; Peso (kg): 1190; Capacidade da bagageira (l): 352/1165; Deposito de combustível (l): 403; Pneus (fr/tr): 215/40 R18; Preço da versão ensaiada (Euros): 35.045€

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