
Sebastian Vettel abandona F1 e deixa adeptos em lágrimas
28/07/2022Sebastian Vettel abandona a F1 no final de 2022 com o sentimento de um “até já” que as redes sociais fizeram questão de lamentar com lágrimas e frases de agradecimento.

O piloto alemão é daqueles que vai, mesmo, deixar saudades. Sebastian Vettel desde sempre que foi um ídolo dos adeptos da Fórmula 1 mais serena e comedida.
Vettel adotou um perfil discreto onde a sua vida pessoal antes de entrar nos portões de um circuito e depois deles sair, nunca foi assunto ou teve autorização para ser violada.
As tentativas foram muitas e, nos últimos tempos, a defesa dos direitos das minorias levaram muitos a lançar o manto da homossexualidade, usando as redes sociais para quase tudo. A tudo Vettel encolheu os ombros e com o seu delicioso sorriso, desarmava tudo e todos.
Sempre defendeu causas e direitos, cometeu os seus erros, mas manteve sempre uma classe que outros campeões do Mundo não com seguiram manter.
Amante do automóvel e da competição, tem uma coleção de carros de estrada e desportivos onde se inclui o Williams com que Nigel Mansell foi campeão do Mundo.
Casado com a amiga de infância, Hanna Prater, tem três filhos e destaca-se pela sua profunda inteligência e cultura sendo fluente em alemão, inglês, francês, finlandês e italiano.

Sebastian Vettel: um fenómeno
O alemão começou no karting com apenas 3 anos e iniciou-se na competição com tenros oito anos. O talento era evidente e a Red Bull Junior Team foi a sua casa desde 1998. Venceu vários títulos e foi promovido aos monolugares em 2003.
Derrick Walker ofereceu-lhe a oportunidade de testar um Reynard dos ChampCar dos EUA no traçado de Homsteadt, Miami.
O primeiro título sonante foi a vitória na Fórmula BMW ADAC em 2004 onde dominou com 18 vitórias em 20 corridas.
Passo seguinte: F3 Euro Series com a equipa Mucke Motorsport. Ganhou o título de “rookie” do ano e foi sexto classificado no final do ano de 2005. Testou o Williams-BMW de Fórmula 1, como prémio por ser o melhor estreante e reclamou via verde para ser piloto de testes da BMW Sauber F1 Team em 2006.

Cumpriu o campeonato F3 Euro Series que fechou no segundo lugar. Esteve na Fórmula Renault 3.5: foi segundo e terceiro nas duas corridas que disputou em Misano.
Um dedo que quase foi decepado devido a um detrito perdido vindo de um acidente à sua frente em Spa-Francorchamps, colocou-o de fora das corridas durante várias semanas. Mesmo assim, ainda disputou o Master de F3 em Zandvoort de 2006 uma semana depois do acidente, tendo terminado em sexto.
No ano seguinte, o alemão competiu na Fórmula Renault 3.5 e estava na liderança do campeonato quando foi chamado para ser piloto a tempo inteiro da BMW Sauber F1 Team.

Carreira na Fórmula 1
Sebastian Vettel tornou-se terceiro piloto da BMW Sauber quando Robert Kubica tomou o lugar de Jacques Villeneuve em 2006. O alemão tornou-se no mais jovem piloto a tomar parte de um Grande Prémio de Fórmula 1 com 19 anos e 53 dias.
Curiosamente, Vettel detém um recorde pouco lisonjeiro: foi o piloto que mais rapidamente foi multado na F1, poios 9 segundos depois da estreia excedeu o limite de velocidade na via das boxes…
Manteve o título de piloto de testes em 2007 na Sauber e depois do acidente de Kubica no GP do Canadá, foi Sebastian Vettel quem tomou o seu lugar no GP dos EUA. Arrancou de 7º e terminou no 8º posto, tendo-se tornado, na altura, o mais jovem piloto a pontuar numa prova de Fórmula 1.

Sebastian Vettel e os recordes
A passagem para a Toro Rosso aconteceu em 2007 depois de ser libertado pela BMW. Tomou o lugar de Scott Speed na equipa de Faenza a partir do GP da Hungria de 2007. Para 2008, fez equipa com Sebastien Bourdais. No GP do Japão em Fuji, o alemão aproveitou a chuva para subir ao pódio. Mas ao embater em Mark Webber, piloto da Red Bull, atrás do Safety Car, Vettel tornou a sua vida mais complicada.
Ambos abandonaram a corrida, o australiano chamou-o de miúdo e a FIA penalizou-o em 10 lugares na grelha para a corrida seguinte. Penalização que não cumpriu porque um vídeo amador publicado no YouTube deixou claro que o sucedido tinha sido culpa de… Lewis Hamilton, devido ao seu comportamento atrás do Safety Car.

Na temporada de 2008, Vettel abandonou nas quatro primeiras corridas, três delas com incidentes na primeira volta. No Mónaco foi 5º tendo saído de 17º e em Valência, Vettel deixou para trás as inseguranças e começou a dar frutos.
Giorgio Ascanelli, responsável técnico da Scuderia Toro Rosso referiu que “de repente, o Vettel percebeu como se conduz um F1 depressa.”
Ainda na Scuderia Toro Rosso, Sebastian Vettel tornou-se no piloto mais jovem a ganhar na F1 com 21 anos e 74 dias: Grande Prémio de Itália 2008. Foi, também, a única vitória da Toro Rosso. Mas o alemão conseguiu, também, o título de mais jovem piloto da F1 a conquistar uma “pole position”.

Os anos dourados da Red Bull
Substituindo o reformado David Coulthard na Red Bull, Vettel terminou o campeonato de 2009 no segundo lugar, atrás do Brawn GP de Jason Button.
No ano seguinte, Vettel esteve em luta intensa com Webber, mas ambos conseguiram oferecer à Red Bull o seu primeiro título de construtores. Mas guardado estava o bocado para o alemão.
Chegou a Abu Dhabi com 15 pontos de atraso para Fernando Alonso e 7 para Webber. Beneficiando do “hara kiri” da Ferrari, Sebastian Vettel ganhou a prova saindo da “pole position” e tornou-se no mais jovem piloto de sempre a ganhar um Mundial de F1.
E pela terceira vez depois de John Surtees em 1964 e James Hunt em 1976, o campeão do mundo não liderava o campeonato à entrada da última corrida do ano.
Após o título de 2010, seguiu-se o de 2011, 2012 e 2013. Quatro título de rajada com mais alguns recordes: foi o segundo piloto a terminar em primeiro ou segundo os primeiros 9 Grande Prémios de uma época.
Igualou Ayrton Senna como os únicos pilotos a conquistar dez “pole position” em duas épocas diferentes. Com o cetro de 2011, tornou-se o mais jovem piloto a vencer dois títulos consecutivos na F1. Foi em 2011 que alcançou o seu primeiro Grand Chelem (Grande Prémio da India).

O título de 2011 deu-lhe o recorde de pontos numa época (392) e fechou o ano com 11 vitórias, 15 “pole position” e 17 pódios, tudo em 19 corridas.
Já o cetro de 2012 permitiu-lhe ser o mais jovem tricampeão de sempre da Fórmula 1, juntando-se a Juan Manuel Fangio e Michael Schumacher.
Vettel foi campeão em 2013, mas com um ambiente entre ele e Mark Webber muito… quente. Na Malásia, o alemão ignorou os pedidos da equipa para não passar o australiano e a partir daqui o caldo estava entornado.
Mas pelo caminho votou a bater recordes: vitória em 9 corridas consecutivas e foi o terceiro homem na história da F1 – juntando-se a Alberto Ascari e Jim Clark – a fazer “Gand Chelem” consecutivos (grand chelem: vitoria na corrida, liderança de todas as voltas, “pole position” e volta mais rápida).





Os anos Ferrari e Aston Martin
Sebastian Vettel manteve-se na Red Bull em 2014 com a companhia de Daniel Ricciardo, promovido da Toro Rosso após a saída de Mark Webber. Um ano para esquecer: problemas de fiabilidade e de pneus levaram Vettel a ser o primeiro piloto desde Jacques Villeneuve (1998) a não vencer qualquer corrida na temporada de defesa do título.
No final da época, a Red Bull libertou-o do contrato que tinha (com a duração de mais um ano) e libertou o alemão para voar para a Ferrari. Onde esteve cinco anos, mas nunca mais regressou à forma que tinha quando esteve na Red Bull.
Venceu logo após duas corridas com a Ferrari (GP Malásia 2015), mas não conseguiu lutar pelo título, conhecendo um perigoso episódio no GP da Bélgica em Spa-Francorchamps quando um pneu rebentou na penúltima volta quando seguia a fundo.
No ano de 2016, Vettel não conseguiu uma única vitória com a Ferrari, mas em 2017 vingou-se e liderou o campeonato – tendo se tornado no quarto piloto a rubricar 50 pole positions – até perto do final. Uma colisão entre ele e Hamilton deu o título ao britânico.
Os erros começaram a surgir em 2018 e os anos de 2019 e 2020 foram penosos para Sebastian Vettel. Muitos incidentes não impediram que a vitória em Singapura lhe colocasse no palmarés a estreia a vencer por cinco vezes na mesmo circuito. Mais alguns erros e a clara subida de forma de Charles Leclerc – apontado como o futuro da Ferrari – empurraram Vettel para fora da Scuderia.
A pandemia de Covid 19 veio baralhar tudo e depois da Ferrari ter sido apanhada a fazer batota, o SF1000 era um carro castrado. O último ano na equipa italiana saldou-se pelo recorde negativo de menos pontos registados numa época, deixando a Scuderia no sexto lugar dos construtores, o pior resultado desde 1980.





A vida na Aston Martin e o fim da carreira
A saída da Ferrari não foi facilmente digerida, mas Vettel percebeu que o fim da carreira estava a chegar. Muitos erros que levaram a penalizações e o cada vez maior distanciamento da competição, lev aram Vettel a usar a sua influência noutras áreas, tentando ajudar a desenvolver a Aston Martin.
Ainda assim, em 2020, Sebastian Vettel ofereceu os primeiros pontos na F1 à Aston Martin com um quinto lugar no Monaco. Ficou no 12º lugar do campeonato de pilotos, mas levou para casa o “Overtake Award” ao ser o piloto que mais ultrapassagens fez: 132!
O ano de 2022 começou com o pé esquerdo devido à Covid-19 e com muito humor e inteligência, Sebastian Vettel criou uma conta no Instagram onde anunciou o final da carreira no término desta temporada. Uma comunicação emotiva, que nos deixou com a lágrima ao canto do olho, e onde derramou a sua vida e a sua forma de estar na vida. Um excelente piloto, uma excelente pessoa, um bom homem que se afasta do circo da Fórmula 1.
PALMARÉS DE SEBASTIAN VETTEL NA FÓRMULA 1
Primeiro Grande Prémio: Estados Unidos 2007
Melhor classificação: 1º
Melhor qualificação: 1º
Campeão do Mundo em 2010, 2011, 2012, 2013
GP disputados: 289 (300 no final de 2022)
53 vitórias (18,34%); 57 “pole position” (19,72%), 38 voltas mais rápidas (13,15%); 122 pódios (42,21%); 8 “hat-tricks”, 4 Grand Slam; 43 abandonos (14,88%); 3076 pontos (até agora); 10,64 pts/GP, 102,25 pts/época; 3.499 voltas na liderança; 18.153 km percorridos na liderança; 15.889 voltas cumpridas; 80.270 km percorridos; 6,15 é a posição média na grelha de partida; 5,12 é a posição média à chegada.
Sebastian Vettel teve 10 companheiros de equipa (Nick Heidfeld; Robert Kubica; Vitantoniuo Liuzzi; Sebastien Bourdais; Mark Webber; Damniel Ricciardo; Kimi Raikkonen; Charles Leclerc, Lance Stroll e Nicvo Hulkenberg])
5 construtores (Ferrari [118 GP; 14 vit; 12 pole; 14 v+r; 55 pódios]; Red Bull [113 GP; 38 vit; 44 pole; 24 v+r; 65 podios]; Aston Martin [32 GP; 1 podio]; Toro Rosso [25 GP; 1 vit.; 1 pole; 1 pódio]; BMW Sauber [1 GP])
4 construtores de motores (Ferrari; Renault, Mercedes, BMW); competiu com 19 monolugares (BMW Sauber F106; BMW Sauber F1.07; Toro Rosso STR2; Toro Rosso STR2B; Toro Rosso STR3; Red Bull RB5, RB6, RB7; RB8; RB9 e RB10; Ferrari SF15-T; SF16-H; SF70H; SF71H; SF90 e SF1000; Aston Martin AMR21 e AMR22).
OS RECORDES DA F1 DETIDOS POR SEBASTIAN VETTEL
Maior número de vitórias numa época: 13 (2013)
Maior número de “pole position” numa época: 15 (2011)
Maior número de voltas lideradas numa época: 739 (2011)
Mais vitórias consecutivas: 9 (2013 GP Bélgica, Itália, Singapura, Coreia, Japão, Índia, Abu Dhabi, EUA, Brasil)
Maior número de Grand Slam consecutivos: 2 (Singapura e Coreia 2013)
Maior número de vitórias saindo da “pole position” numa época: 9 (2011)
Piloto mais jovem a conseguir uma “pole position”: 2008 GP Itália com 21 anos e 72 dias
Mais jovem piloto a conseguir um duplo (pole e vitória): 2008 GP Itália com 21 anos e 73 dias
Mais jovem piloto a conseguir um “hat trick” (pole, vitória e volta mais rápida): 21 anos e 353 dias (2009 GP Grã-Bretanha)
Mais jovem campeão do Mundo de F1: 23 anos 134 dias (2010)