
Incrível: vendas na Europa em recessão desde 2019
13/10/2022Incrível como as vendas na Europa têm estado em recessão desde 2019 e a ACEA, a associação dos construtores de automóveis na Europa, já veio dizer que 2022 não foge à regra!

Olhando aos valores pré-pandemia de 2019, a recessão do mercado é impressionante. Por isso a ACEA já veio a terreiro exigir uma política e um enquadramento da atividade que permita a recuperação e facilite o rumo à neutralidade carbónica e ao objetivo de zero emissões.
O cenário tem sido dantesco: nos primeiros oito meses de 2022 os volumes de vendas contraíram 11,9%, com, apenas, uma boa notícia. O mês de agosto parou uma queda contínua de 13 meses de perdas de vendas com um crescimento de 4,4%.
Isso foi possível porque mercados como Itália (9,9% de crescimento), Espanha (9,1%), França (3,8%) e Alemanha (3,0%) viram as suas vendas crescer. Mas com 650.291 unidades vendidas, continuamos muito longe dos valores pré-pandemia de Covid 19. Incrível!
Por tudo isto a ACEA reviu as suas previsões de vendas para 2022 e de um regresso ao crescimento, a antevisão daquilo que será o mercado este ano revela nova evolução negativa.
Contas feitas, o mercado vai encolher mais 1% para 9,6 milhões de veículos vendidos até final deste ano. Comparado com 2019, é um trambolhão de 26%!

Ainda assim, conforme explicou Sigrid de Vries, a nova diretora geral da ACEA, “apesar do mercado contraído, pressão inflacionária e os custos da energia, a indústria automóvel continua a investir massivamente em pesquisa e desenvolvimento e nas tecnologias verdes rumo à transição digital e energética.”
Porém, como explica de Vries e o senso comum nos diz, “uma tão grande transformação só pode ser bem-sucedida se a indústria que a suporta se mantenha competitiva e rentável a longo prazo. E isto está dependente, também, do correto enquadramento político e das condições para cumprir a transição.” Incrível.
E o presidente da ACEA, o CEO da BMW, Oliver Zipse, reforça essa ideia ao referir “para assegurar o crescimento – com uma ainda maior parcela de veículos elétricos para permitir alcançar os objetivos ambientais – é urgente um correto enquadramento de funcionamento da indústria. Isso inclui maior resiliência das cadeias de fornecimento europeias, uma muito necessária legislação sobre as matérias-primas que assegure o acesso estratégico aos matérias necessários à mobilidade elétrica e a aceleração de uma rede de carregamento abundante e veloz.”
Por outro lado, Oliver Zipse lembra que “os últimos anos têm sido marcados por grandes acontecimentos como o Brexit, a pandemia de coronavírus, estrangulamentos no fornecimento de semicondutores e a guerra na Ucrânia, com o seu impacto nos preços e disponibilidade de energia. Todas estas coisas sublinham a rapidez, profundidade e imprevisibilidade com que o nosso mundo está a mudar. Isto aplica-se sobretudo no contexto geopolítico – onde existem consequências diretas para a nossa indústria globalmente interligada e para as suas cadeias de valor estreitamente interligadas.”