
Motores de combustão fora da União Europeia em 2035 faz crescer receios de efeito “Havana”
28/10/2022Os motores de combustão fora da União Europeia em 2035 será uma realidade depois do acordo alcançado em Bruxelas.
Quer isto dizer que anuncia a morte, na Europa, para o modo de transporte que conhecíamos desde o século 19 e que, até este momento, ainda não revelou todo o seu potencial ao ter rendimento térmico abaixo dos 50%.
Porém, as três instituições principais da União Europeia – a parte executiva, o parlamento europeu e os estados-membros – uniram-se para desenhar este acordo que alguns temiam não ser possível.

Motores de combustão fora da UE
O acordo alcançado esta quinta-feira em Bruxelas, vai exigir que a indústria automóvel europeia atinja o alvo de zero emissões em 2035. Ou seja, depois dessa data, será proibida a venda de veículos com motores de combustão interna a gasolina ou a gasóleo. Um passo que irá acelerar a venda de veículos 100% elétricos, pois até os híbridos serão aniquilados.
Por outro lado, este acordo tem dentro do seu articulado a obrigatoriedade dos construtores reduzirem em 55% as emissões de CO2 para os automóveis novos vendidos a partir de 2030 face aos valores de 2021. Uma violenta redução face ao que estava perspetivado, um valor de 37,5%.
Alguns rumores diziam que a União Europeia poderia recuar nestes objetivos e devido á crise energética mundial, flexibilizar os objetivos. Nada disso aconteceu e de forma inesperada, aquele que há um ano era uma das propostas mais controversas da União Europeia, com oposição de alguns países, dentro do pacote de Economia Verde do bloco europeu, avançou rapidamente e com consenso entre os Estados membros.
Líderes europeus satisfeitos
Jan Huitema, o homem que tem estado no papel de negociador no Parlamento Europeu, referiu que “é o início de uma grande transição para a União Europeia!”
Por seu turno, Frans Timmersmans, o responsável pela área do clima na UE, defendeu que “os fabricantes de automóveis já estão a provar que estão prontos, com cada vez mais propostas elétricas e cada vez mais acessíveis a chegar ao mercado” declarando que “a velocidade a que esta mudança tem acontecido é notável!”
Espera-se, agora, que esta decisão do maior bloco comercial do mundo tenha ramificações em todo o mundo pois é onde estão sediados alguns dos maiores construtores mundiais.

Construtores anunciam viragem
Os grupos Volkswagen, Stellantis, Jaguar Land Rover e a Ford, por exemplo, já anunciaram que antes de 2035 vão deixar de vender veículos com motores a gasolina ou a gasóleo.
Para marcas de nicho ou com produção limitada, há um bónus de um ano, ou seja, só terão de ser elétricas em 2036. Falamos de marcas como a Ferrari, Lamborghini, McLaren e mais algumas.
No acordo final da União Europeia está incluído uma proposta não vinculativa que levará o bloco europeu a aceitar o registo de veículos com motores de combustão interna que utilizem combustíveis sintéticos neutros em carbono a partir de 2035.
Ou seja, a União Europeia cedeu ao “lobby” da ACEA e além de ir aumentar a rede de carregamento, deixa a porta aberta para que o desporto automóvel – como a F1! – possa continuar nos mesmos moldes de hoje. E não só, pois a investigação do combustível sintético avançou muito, pela mão do Grupo VW, e a Toyota está apostada em levar o hidrogénio para os motores de combustão. E diz quem sabe que esta inovação Toyota está a ser levada muito a sério.
Porém, estas decisões não são pacificas e perante a crise que estamos a viver, a Europa pode sofrer do efeito “Havana”. E qual é esse efeito?

Motores de combustão fora da UE: o efeito Havana!
Quando desaparecerem os automóveis com motores de combustão interna, mais baratos que os elétricos, vai surgir um efeito a que foi dado o nome “Havana”. E porquê “Havana”?
Porque tal como acontece em Cuba – país cuja capital é Havana – com todas as crises que estão a suceder, não haverá possibilidade de todos fazerem a mudança para a mobilidade elétrica e as estradas vão encher-se de veículos antigos com motores de combustão.
E sim, muitos carros vão andar a acumular quilómetros atrás de quilómetros e durar até que caiam de maduros. O mercado de usados vai estagnar depois da corrida dos consumidores, incapazes de comprar um elétrico ou por falta de recursos ou por falta de fornecimento, aos modelos com motores a gasolina ou gasóleo.
Segundo Jens Gieseke, legislador e membro de um Partido Conservador Europeu, “o acordo feito hoje (ontem) bate com a novos desenvolvimentos e colocou todos os ovos no mesmo cesto. Isso é um erro!”